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16 Diário da Câmara dos Deputados

lhe vedava o direito de se imiscuir em qualquer movimento revolucionário, porque só podia prejudicar a República e o País.

E ainda não esqueci as violentas campanhas feitas pelos nossos adversários, e até por alguns amigos, visando, entre outros, o Sr. António Maria da Silva, que sempre condenou o movimento, o que por isso mesmo chegou a ter a sua vida em sério risco.

Um àparte do Sr. Agatão Lança.

O Orador: - Lembro-me, Sr. Presidente, do o Sr. João Camoesas ter tido também a sua vida em perigo por ter condenado o 19 de Outubro, que não podia ter o aplauso do nenhum republicano.

Lembro-mo de mais.

Lembro-me ainda de que o Sr. José Domingues dos Santos, por ter escrito na Tribuna artigos em que condenava êsse movimento, igualmente teve a sua vida em risco.

Estas referências vêm para fazer o confronto entre o procedimento do Partido Republicano Português e o de outros que por vezes se esquecem de fazer justiça, e até de cumprir os seus mais elementares deveres.

Ainda não me esqueci de que durante vinte horas seguidas a cidade de Lisboa foi submetida a um violento bombardeamento.

Se êsse movimento tivesse vingado, repetir-se-iam as mesmas scenas da ditadura dezembrista!

Aproveito êste ensejo para cumprimentar o Govêrno e dirigir-lhe as minhas calorosas felicitações, por ter tido a fôrça do jugular êsse movimento, que era atentatório da dignidade de todos os portugueses.

Êsse facto dá-me também o direito de apreciar o que foi a administração do Govêrno do meu partido, chefiado por uma das figuras mais lídimas dêsse partido, mas cujos actos não estão plenamente de acordo com o meu modo de pensar.

Dentro da República todos os homens podem falar assim, porque não são amordaçadas as suas opiniões, ainda mesmo que sejam contrárias aos mais altos poderes do Estado.

Eu quero dizer que as autorizações que o Poder Legislativo deu ao Govêrno, embora não fossem excedidas, não corresponderam àquilo que eu desejaria que fôsse.

Eu quereria que essas autorizações servissem para pôr em prática aquilo que o Sr. Sá Cardoso prometeu quando Govêrno, e que era expurgar o exército da escumalha. Tal não sucedeu, e êsses ho-mcns, que foram condenados pelos tribunais, íoram depois reintegrados no exército, para mais uma vez porem em cheque não só a vida da República, mas a própria independência da Pátria.

Eu entendo, Sr. Presidente, que, ao abrigo dessas autorizações, e precisamente com o fundamento do que era necessário manter a ordem pública, a êsses oficiais que se revoltaram contra a República não fôsse permitido voltar mais às fileiras.

Mas infelizmente eu vi passar o tempo, e, neste capítulo, tudo ficou absolutamente na mesma.

Não era apenas, Sr. Presidente, no elemento militar que havia que cuidar. A República precisa de se fortalecer o de moralizar a sociedade portuguesa, e não o pode fazer emquanto ao sou serviço tiver funcionários que deixam muito a desejar.

O Govêrno devia saber que as repartições públicas estão cheias de funcionários que, sendo monárquicos, fazem campanhas contra o regime republicano e procuram criar situações difíceis à vida da República.

Essas autorizações, ao serem promulgadas, deviam ter sido aproveitadas para separar do funcionalismo público os maus elementos, deixando lá ficar apenas os bons, e pagando a êstes melhor.

Assim pensava fazer o Govêrno do Sr. José Domingues dos Santos

Não quero terminar as minhas considerações sem também dizer ao Govêrno que não concordo com certas medidas adoptadas por êle.

É preciso pôr aã cousas como elas são. Tem-se especulado em determinada imprensa sôbre o assunto, e os partidos nossos adversários têm procurado intrigar-nos a nós todos, espalhando que uma parte do Partido Democrático é partidária dessa falange, que, sendo tenebrosamente negra, tem o nome de vermelha.

Nesta casa do Parlamento ninguém tem