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Sessito de 18 de Junho de 1925 19

pública é cousa bem diversa, mas ao Partido Democrático só lhe interessam as benesses que há anos vem distribuindo largamente pelos seus adeptos à custa do Tesouro Público. Cousas úteis não fazem; alegam falta de numerário, mas para esbanjar há sempre verba, isto sem me querer servir dos argumentos por vezes apaixonados do Sr. Carvalho da Silva.

Não tem a nossa administração sido de molde a pôr um dique firme e impenetrável perante as acusações dos monárquicos; daí os ataques constantes dêstes. Mas a culpa não cabe a todos os republicanos, pelo menos a êste lado da Câmara, porque ainda nem sequer pôde dar, pela permanência nas cadeiras do Poder, provas da sua capacidade ou incapacidade. Os democráticos não deixam que os demais partidos governem. Qual o receio? Um dia se saberá.

Esta República só deles tem sido e ainda bem que assim é. O País aceita de bom grado os atropelos; acho por isso que deve continuar a ter por seu Govêrno essa gente.

Confiemos, pois, que um dia tudo se esclarecerá; o julgamento aproxima-se.

Julgam que na República só êles são os bons republicanos e até os únicos; essa pletora é que os levará a expiar os delitos perante o tribunal dos homens de bem.

As estradas são hoje o caos, os impostos triplicaram apesar da libra ter deminuído do seu valor, e desta forma os encargos-ouro do Govêrno são menores, mas o dinheiro que os contribuintes dão com o maior sacrifício vai para tudo, menos para o que possa conduzir-nos a uma política de que resulte qualquer fomento para a riqueza nacional.

Ah! Sr. Presidente! quando num regime1 há quem, administrando, justifica e permite o achincalhar do Poder pela insuficiência dos seus processos administrativos, só tem de esperar que o País saiba revoltar-se!

Quando o ridículo é usado pelos governados para acusarem os governantes, o País entra no caminho que mais ràpidamente o levará ao abismo.

A ordem por vezes é alterada, mas mais pelo procedimento dos Governos do que por nós parlamentares. Apoiados.

Pedem-se provas dos erros da nossa administração que provas são precisas mais dos erros praticados por certos indivíduos que há anos nos administram?

Não tivemos os Transportes Marítimos, a Exposição do Rio de Janeiro, os Bairros Sociais, as comissões dos selos comemorativos, etc., o que representa qualquer cousa infeliz, e é uma manifestação desgraçada da administração pública.

Querem mais factos concretos? "Para que se irritam com as acusações dêste lado da Câmara; acaso as não merecem?

As sindicâncias são outra série de escândalos.

Só nos temos de zangar com o Poder Executivo que, mandando sindicar os culpados, para os deixar impunes, escolhe logo e a dedo os sindicantes.

Assim constitui um outro caos da nossa administração pública o encargo das sindicâncias que nunca mais terminam. São- permita-se-me o termo - boas ucharias para os mandriões que vivem à custa do Estado.

Quando foi do célebre empréstimo rácico, o administrador do jornal que eu então dirigia recebeu uma circular acompanhando um anúncio dôsse empréstimo. Nessa altura tinha-se constituído em Lisboa uma sociedade de publicidade apenas para a exploração do anúncio do tal empréstimo.

A circular que recebi e que acompanhava o anuncio, dizia: "É favor publicar num só dia êste anuncio no seu jornal. O preço do anuncio é fixado por nós em tanto, o senhor recebe tanto e passa o recibo de tanto, a diferença é a, nossa comissão".

Nada menos de 30 por cento.

Tenho em minha casa essa circular, assinada por pessoas que ainda hoje se cansam a defender o empréstimo e o Sr. Presidente do Govêrno.

E então eu pregunto: que maior escândalo pode haver do que apelar-se para o sentimento patriótico e republicano do País, dizendo que o empréstimo era feito para sanear a moeda e salvar a Nação, colocando ao mesmo tempo junto do Ministério uma empresa para delapidar parte dêsse empréstimo? Pagaram--se os déficits dos jornais da grei, e tanto bastou.

São êstes os bons republicanos, aque-