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Sessão de 13 de Junho de 1925 15

ram o os que estão ainda vigílando; êsses criminosos vêm muitas vezes ou dos arraiais monárquicos ou de outros que desconhecemos.

Ainda agora se ventilou um escândalo referente a um indivíduo, que ninguém conhece como tendo-se enfileirado nas fileiras republicanas.

Tudo isto veio a propósito de dizer que o movimento de 18 de Abril foi feito por criminosos.

Os homens que organizaram êsse movimento tinham bem a consciência intranquila, porque não só não anunciaram, não só não fizeram propaganda dele, mas ocultaram-no até ao último momento, levando em sua companhia pessoas já experimentadas, pessoas que ao lado deles se estiveram batendo e que não constituíam nenhuma garantia para a libertação moral da sociedade portuguesa.

Faça V. Exa. a comparação entre os homens que organizaram o 18 de Abril e os que levaram a efeito o movimento de 14 de Maio.

Faça V. Exa. a comparação entre os homens que até à última estiveram escondidos no seu covil e aqueles que, mal surgiu uma ditadura, imediatamente desfraldaram a bandeira do seu partido e declararam que nunca consentiriam que a República se transformasse numa miserável ditadura, e que, de protesto em protesto, foram até as cadeiras do próprio Govêrno de então, adverti-lo de que não promulgasse qualquer decreto em ditadura, porque isso implicaria a obrigação de o partido popular pegar em armas para derrubar êsse Govêrno.

E V. Exa. viu que os homens que tomaram êsse compromisso para com o País o tomaram plenamente.

Veio mais tarde a ditadura dezembrista. E o que fez o meu partido?

Desde o primeiro momento se declarou em guerra aberta contra uma situação que não podia admitir.

Não só escondeu, e mais de 7:000 correligionários meus entraram na cadeia por se dizerem incompatíveis com a ditadura de Sidónio Pais.

Quando surgiu o movimento de Santarém ninguém ignorava quem eram os homens que ali se batiam pela República, porque êles não fizeram o mesmo que aqueles que levaram à prática o movimento de 18 de Abril, porque êles tinham já dito que haviam do repor a República como tinha sido proclamada.

Os homens que, fizeram ^o 18 de Abril tinham a consciência de que não procuravam libertar uma pátria, mas escravizar um povo.

E foi essa a razão por que o movimento do 18 de Abril não triunfou.

Se êle procurasse servir uma boa causa, decerto, triunfaria.

O Sr. Paulo Cancela de Abreu: - Não só esqueça V. Exa. do 19 de Outubro. Êsse triunfou.

O Orador: - Sr. Presidente: se enunciei o movimento de 14 de Maio e o de Santarém, para mostrar a diferença que há entre os processos de que usam os nossos adversários e aqueles de que nós nos servimos, quero também pôr em confronto um outro movimento que, longe de ter tido a nossa adesão, o nosso incitamento, teve sempre da nossa parto a mais completa o terminante animado versão.

Refiro-mo ao 19 de Outubro, devendo pôr em confronto a atitude do directório do Partido Republicano Português nessa ocasião com a dos outros partidos; na grave emergência do movimento de 18 de Abril.

Ao contrário do que fez é meu partido, os partidos que. lhe são adversos não vieram sequer dizer que não perfilhavam essa movimento.

O meu partido, constantemente atacado e apontado ao País como um partido de intolerantes e que não sabe cumprir o seu dever, tem dado profundas lições aos seus adversários.

Recordo-me bem da actividade que antes da eclosão do 19 de Outubro o directório do meu partido desenvolveu, fazendo constar através de notas, e até de manifestos, que não admitia a hipótese de uma revolução contra um Govêrno que estava governando constitucionalmente.

Recordo-me também de que um bom homem que se encontra aqui presente, em determinado dia e em determinado local, procurou alguém que era meu correligionário, e que depois foi um dos chefes dês-se movimento, para lhe dizer que êle não tinha o direito de se meter em aventaras e que, em nome do directório do partido.