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Sessão de 13 de Junho de 1925 9

meida Pinheiro antes de roubar, cometeu um abuso de confiança.

Em 18 de Agosto estava descoberta e há então o cuidado de nada averiguar, dando lhe tempo de se safar para Paris, esperando-se até 20 de Outubro para se tomar contas oficiais do roubo.

Sr. Presidente do Ministério: na quarta-feira cá estou para ouvir V. Exa. Permita-me, porém, que lhe recomende que traga o recado na ponta da língua.

Mais digo a V. Exa. que, havendo documentos rasurados, eu peço a V. Exa. para mandar verificar êste facto por pessoa de confiança.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Carvalho da Silva: - Sr. Presidente: através de sucessivas crises ministeriais e de sessões edificantes, dizem os Srs. Deputados republicanos que a República veiu estabelecer o salutar princípio de castigar os criminosos.

Mais uma vez aí estão os factos a mostrar como um tal princípio é observado.

Um homem de nome Almeida Pinheiro roubou 240.000 mil francos, como já foi declarado pelo Sr. Presidente do Ministério e pelo Sr. Ministro do Interior, e já são passados três anos sem que houvesse sido preso!

Mais: êsse homem, tendo ido a Angola depois de conhecido o roubo, foi ali recebido, conforme aqui disse o Sr. Cunha Leal, pelo Sr. Alto Comissário da colónia.

Que edificante scena para a República !

É assim que se punem os criminosos na República!

O que ontem foi revelado nesta Câmara é bem significativo da imoralidade que campeia na República.

Eu, porém, que tenho a ingenuidade de supor que ainda não está de todo desaparecido o sentimento daquela antiga moralidade, segundo a qual jamais se garantia a impunidade aos ladrões, requeri que a sessão fôsse prorrogada para que nesse mesmo dia tudo ficasse esclarecido no Parlamento. Era indispensável - a honra do Parlamento o exigia - que nesse mesmo dia o Sr. Ministro da Guerra que numa entrevista dada a um jornal disse ter o processo do capitão Almeida Pinheiro a 10 metros de distância da cadeira

em que se encontrava sentado, viesse à Câmara dos Deputados dar explicações sôbre o escandaloso caso tratado pelo Sr. Cunha Leal.

Mas, Sr. Presidente, o que vimos nós que se passou?

Vimos que a Câmara nem sequer quis tomar conhecimento do meu requerimento e que o Sr. Ministro da Guerra, que havia tomado o compromisso de vir à Câmara expor toda a verdade sôbre o asunto, desapareceu... vindo o Sr. Presidente do Ministério dizer-nos hoje que o Sr. Ministro da Guerra já não voltará ao Parlamento.

S. Exa. sumiu-se por um alçapão!

E porquê?

Certamente porque não quis vir dizer ao Parlamento aquilo que, porventura, não convinha à defesa da República que se dissesse ao País.

O Sr. João Camoesas (em àparte): - Não apoiado. Não apoiado. Isso é simplesmente infame!

O Orador: - Ainda ontem o Sr. Presidente do Ministério dizia aqui que o Sr. Ministro da Guerra não tinha pedido a demissão.

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro das Finanças(Vitorino Guimarães): - Afirmei uma verdade. Até êste momento é ainda Ministro da Guerra o Sr. Mimoso Guerra, visto que não está ainda publicado o decreto da sua exoneração.

O Orador: - Então porque não veio S. Exa. à Câmara dar todas as explicações sôbre o importante assunto dos 240:000 francos?

Eu, Sr. Presidente, constato mais esta nova forma de abrir crises ministeriais, num momento em que o Sr. Ministro tinha de vir ao Parlamento prestar esclarecimentos.

S. Exa. sumiu-se por um alçapão, para obedecer às pressões que sôbre elo são feitas, para que, politicamente, o regime não seja prejudicado.

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro das Finanças (Vitorino Guimarães): - V. Exa. não tem o direito de estar a falar assim.

Sussurro.