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16 Diário da Câmara dos Deputados

me não o pude fazer na rapidez com que olhei para a proposta, eu então, na discussão na especialidade, terei por certo ainda ensejo de chamar a atenção do Parlamento - se é que vale a pena - para outros pedidos, a meu ver também infundamentados, que se contêm na proposta do Sr. Ministro das Finanças.

E, por agora, tenho dito.

O discurso será publicado na integra, revisto pelo orador, quando, nestes termos, restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

Os Srs. Cunha Leal e Brito Camacho não fizeram a revisão dos seus "àpartes".

O Sr. Cunha Leal: - Sr. Presidente: eu deveria, também, começar por estranhar que, depois de levantado o debate a propósito dos 240:000 francos desaparecidos em Paris, além de outros francos desaparecidos anteriormente por virtude de facturas falsas, o Govêrno quisesse que se discutisse qualquer outro assunto antes de esclarecido êste.

Mas, eu não quero ser mais papista de que o Papa, e a mim ensinaram-me que ninguém pode ser mais zeloso da dignidade alheia do que da própria devem ser as pessoas que porventura a sintam atacada.

O Govêrno não sentiu a necessidade de, embora venha a provar-se completamente a inocência do adido militar português em Paris, esclarecer a posição política dêsse adido militar que, por acaso, se encontra sendo Ministro do Interior, e nós não temos mais nada que acrescentar a êsse respeito.

Fazemos o País juiz desta questão. O País que se pronuncie a êste respeito...

Uma voz: - Apoiado!

O Orador: - ... e que, emfim, com o apoio de todas as pessoas que entenderem que o devem apoiar, o Govêrno diga se acha natural que uma outra questão que diz respeito à vida do mesmo Govêrno se enxerte no meio desta.

A proposta do Sr. Presidente do Ministério é de qualquer forma uma bofetada dada no Parlamento.

Apoiados.

O Sr. Presidente do Ministério, em certa altura, veio pedir que os trabalhos

parlamentares fossem prorrogados pelo espaço de mais trinta dias, terminando a prorrogação no dia 15 de Julho.

O dia de hoje é o dia 25 de Junho e, portanto, restam ainda vinte dias de trabalhos parlamentares, ou sejam dois terços do tempo que o Sr. Presidente do Ministério declarou ser necessário para se discutir, em primeiro lugar, todo o Orçamento e, em segundo lugar, variadíssimas propostas que estão pendentes, todas elas merecendo, naturalmente, uma larga discussão, bastando citar, para todos nos convencermos disto, a proposta relativa ao fundo de maneio do Banco de Portugal e a proposta sôbre as estradas.

Ninguém humanamente pode supor que dez dias seriam o bastante para discutir estas duas proposta, nem o Sr. Presidente do Ministério tem o direito de supor que até o dia 15 sejam aprovadas as propostas orçamentais, a não ser que o Govêrno tenha armado orna cilada ao Parlamento, levando-o a votar uma prorrogação para efeito de discutir o que de todo era impossível discutir, para ter sôbre o Parlamento a fácil empresa de declarar que não lhe dera sanção às suas medidas.

A prorrogação, nos termos em que foi feita, foi um acto de traição política. Mas nós, que conhecemos os intuitos do Govêrno, estamos dispostos a votar uma prorrogação só para discutir o Orçamento sem que se possa discutir outro assunto. Não podemos dar mais do que isto!

Esta proposta dos duodécimos não visa outra cousa senão a de fazer um testamento parlamentar.

Está vago o lugar de director geral do Banco de Portugal, e então porque não não há-de o Govêrno fazer um testamento que faça a felicidade de uma família privilegiada?

Faça-o; mas não leve o Parlamento a abdicar das suas prerrogativas.

Então o Govêrno, que tem tido fôrça para tantas cousas, não tem fôrça para impor a ordem nos trabalhos parlamentares?

O que se pretende é armar uma cilada, e mais nada.

O que o Govêrno quis foi arranjar um pretexto para nos arrancar a aprovação de seis duodécimos para depois encerrar o Parlamento e, à vontade, poder exer-