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Sessão de 26 de Junho de 1925 25

tempos" da propaganda, e, não obstante ser republicano, não deixa de ter para nós, Deputados monárquicos, uma opinião autorizada.

Parece que, nesse tempo, o Sr. Brito Camacho não era pessoa que ligasse grande importância à discussão e votação dos orçamentos.

E tanto que S. Exa. afirmou um dia que:

"Implantada a República, o seu primeiro cuidado não seria o do equilíbrio do orçamento, essa preocupação de caixeiro..."

Pois, apesar disto, quando, em 5 de Agosto de 1908, o Sr. Pereira dos Santos propunha a realização de duas sessões nocturnas por serrana, o Sr. Brito Camacho dizia que se tinham passado três meses de preguiça e se pretendia depois impor-lhe a enorme fadiga de vir para aqui duas vezes mais. Ir-se-ia simular a discussão do orçamento num sacrifício inútil.

Era uma discussão para inglês ver...

O Sr. Brito Camacho: - No tempo da monarquia nunca vi o propósito honesto de equilibrar o orçamento.

O Orador: - V. Exa. não tem razão.

Falou, a seguir, o Sr. João de Meneses que imitiu a mesma opinião.

Portanto, combatendo a proposta do Sr. Sá Cardoso, nós estamos, como se vê, em companhia de pessoas insuspeitas para os senhores.

Sr. Presidente: eram estas as considerações que eu queria fazer, por agora, acerca da proposta que as minorias republicanas deixam passar quási sem discussão, embora ela represente a mais completa restrição aos direitos dos Parlamentares.

Nós é que não estamos dispostos a colaborar nesta mistificação.

Tenho dito.

O Sr. Pedro Pita: - Sr. Presidente: pedi a palavra na altura em que o Sr. Presidente do Ministério se queixava da acção parlamentar.

Nunca, Sr. Presidente, houve tam pouca razão da parte de um Presidente do Ministério se queixar do Parlamento como nesta ocasião.

Há uma testada que é preciso varrer pelo que respeita à representação parlamentar do Partido Nacionalista.

Sr. Presidente : estivemos fora da Câmara mais de dois meses, tempo mais que suficiente para, em família, o Govêrno, se pudesse, fazer aprovar o Orçamento.

Não quero ser injusto e digo "se pudesse".

Não quero retribuir com uma injustiça a injustiça feita pelo Sr. Presidente do Ministério.

Há tempo a esta parto tem-se vivido em pura ficção.

Antigamente os Governos eram Governos emquanto tinham a confiança da maioria que os apoiava. Hoje são Governos emquanto convém à maioria que os apoia.

E essa maioria entendo que os Governos têm de ali estar para lhe fazer um serviço, mas entende também que não tem obrigação de lhes retribuir êsse serviço.

Daí as queixas do Sr. Presidente do Ministério.

Não se conseguiu a aprovação do Orçamento porque não se importaram com isso.

Todos sabem que existia já êste mesmo Parlamento quando o Sr. António Maria da Silva, sendo Presidente do Ministério, conseguiu que o Orçamento fôsse votado na época normal.

Porquê esta diferença agora?

Porque o Sr. António Maria da Silva queria, acima de tudo, o Orçamento votado e, nessas condições, procurava conseguir isso e conseguindo de facto.

O Sr. Presidente do Ministério fez a afirmação categórica de que não acreditava que o Orçamento pudesse ser discutido o votado nos 15 dias que faltam; e, então, substituiu a votação do Orçamento pela votação do meio Orçamento.

Quero dizer: o Govêrno julga possível votar metade do Orçamento em duas sessões e julga impossível votá-lo todo em 15 sessões!

Porque, Sr. Presidente, 6 duodécimos é justamente metade do Orçamento!...

Sr. Presidente: não tem o Sr. Alberto Xavier razão nas considerações que fez.