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Sessão de 29 de Junho de 1925 19

O Sr. Afonso Costa, no tempo da Monarquia, em discursos que eu aqui tenho transcritos, em parte, dizia que não consentia que lhe cortassem a palavra, pelo facto de já ter usado dela durante um certo período de tempo.

O Sr. Velhinho Correia (interrompendo): - No tempo da Monarquia havia a regra de que, quando os orçamentos não estavam aprovados a tempo, continuavam a vigorar os anteriores.

Era isto que a República devia também ter adoptado.

O Orador: - O Sr. Afonso Costa, numa memorável sessão de 19 de Maio de 1908, isto é, nos saudosos tempos da propaganda, a propósito de uma autorização legislativa de duodécimos, levantou-se do lugar que então ocupava, e que me parece que é o que ocupa hoje o Sr. Sá Pereira, e disse:

Leu.

Vejam V. Exas.: no tempo da Monarquia, o Sr. Afonso Costa insurgia-se contra os duodécimos, chamando-lhe uma burla orçamental, quando afinal êles são o "a b c" financeiro da República, constituindo uma cousa absolutamente corrente!

O Sr. Brito Camacho (interrompendo): - Mas quem diz a V. Exa. que o Sr. Afonso Costa não está furioso em Paris, por o Parlamento não ter ainda votado o Orçamento?

Risos.

O Sr. Cunha Leal (interrompendo): - É por isso mesmo que êle para cá não quere vir.

O Sr. Carvalho da Silva (interrompendo): - É até essa a razão porque S. Exa. não vem governar.

O Orador: - Eu também aqui tenho extractos dos discursos do Sr. Brito Camacho no tempo da Monarquia.

S. Exa., com a autoridade e com os conhecimentos que todos nós lhe reconhecemos, disse então que queria uma República proclamada por todos os portugueses, como nós dizemos agora que queremos uma Monarquia proclamada por todos os portugueses.

O Sr. Cunha Leal (interrompendo): - Mas também lhes servia se fôsse apenas proclamada por parte.

Risos.

O Orador: - O Sr. Brito Camacho disse mais que a preocupação dos republicanos era criar escolas, porque não desejavam o analfabetismo.

Eu tenho aqui também um discurso proferido por S. Exa., em Agosto de 1908,. em que S. Exa., ao lado do falecido Sr. João de Meneses, combateu violentamente uma proposta do Sr. Pereira dos Santos, para haver duas sessões nocturnas por semana, dizendo que não podiam, que era uma violência, que era impossível aprovar o Orçamento, etc.

Já vêem V. Exas. com quem estou acompanhado na minha opinião...

O Sr. Velhinho Correia (interrompendo): - É que os Deputados republicanos dessa sessão legislativa trabalhavam muito.

O Orador: - V. Exa. quere concluir que agora &o não trabalha?

A sua modéstia leva-o até o ponto de se julgar abrangido na classificação de cábulas, com que são agraciados os seus, correligionários?

O Sr. Velhinho Correia: - Eu refiro-me à generalidade dos Srs. parlamentares.

O Orador: - V. Exa. não pode acusar êste lado da Câmara de não trabalhar.

Se não discutirmos mais profundamente e com mais consciência os assuntos de que a Câmara trata, é porque é impossível estudá-los devidamente, dada a brevidade com que são tratados.

O Sr. Velhinho Correia: - Mas veja V. Exa. a sessão de hoje perdida para discutir disposições regimentais que existem em todos os países do mundo!...

O Orador: - Eu hoje tenho tido a sorte de encontrar à mão sempre uma resposta. para dar ao Sr. Velhinho Correia.