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20 Diário da Câmara dos Deputados

dicações do Partido Democrático, para a presidência dos Governos que se formaram, debaixo do programa que a Acção Republicana preconizava, para bom firmar que nada tinha com as Jutas intestinas do Partido Democrático.

Sr. Presidente: derrubado o Ministério Álvaro do Castro, a que tive a honra do pertencer, e derrubado sob a impressão de um discurso do ilustre Deputado e meu amigo Sr. Rodrigues Gaspar - e, cousa curiosa, foi, justamente, S. Exa. quem foi encarregado do organizar novo Governo- não me consta que da parte da Acção Republicana se tivesse levantado o menor entrave à acção de S. Exa. Constituiu S. Exa. o Govêrno, que se propunha seguir a política do Govêrno anterior, o vai logo de começar a substituição imediata de todas as autoridades administrativas r que eram da nomeação do Govêrno Álvaro de Castro, com excepção do duas.

Não mo consta também, apesar do desgosto que êsse facto nos causou, que tivessem sido levantadas quaisquer dificuldades. O Sr. Rodrigues Gaspar, se não estou em êrro, representava adentro da política do Partido Republicano Português a facção moderada, a direita do Partido.

A seguir é derrubado o Govêrno Rodrigues Gaspar, e o Partido Republicano Português indicou para o substituir o Sr. José Domingues dos Santos, e desta vez, que eu saiba, a Acção Republicana não levantou também o menor entrave, e com elo colaborou no Govêrno. Se não estou em êrro, o Sr. José Domingues dos Santos representava adentro do Partido Republicano Português a esquerda dêsse Partido.

Caiu o Govêrno de S. Exa., e é indicado para a presidência do Govêrno seguinte o Sr. Vitorino Guimarães, que é tido, suponho eu, adentro do Partido, como ortodoxo, isto é, daquelas pessoas que não se inclinam nem para a esquerda nem para a direita, e apenas querem defender os princípios do Partido Democrático.

Assim, Sr. Presidente, dá-se esta cousa curiosa: é que a Acção Republicana aceitou três correntes do Partido Democrático, sem opor nenhuma dificuldade à formação dêsses Ministérios. Porquê?

Porque nós não queríamos imiscuir-nos nas discussões adentro do Partido Democrático.

Aceitámos todas essas correntes e acompanhámo-las até que um dia caiu o Ministério Vitorino Guimarães. Porquê?

Não sei, confesso-o a V. Exas., a razão por que isso aconteceu.

Apoiados.

Saiu por vontade própria?

Saiu derrubado, sem que elo o suspeitasse, pela proposta do Sr. António Maria da Silva, hoje ilustre Presidente do Ministério?

Saiu porque houve adentro do próprio Ministério discussões entro os seus membros, que não permitiram ao Sr. Vitorino Guimarães, continuar na governança do Estado? Não sei. Mas, certamente, o Sr. Vitorino Guimarães, que assiste a esta sessão, e que já foi mais ou menos increpado pelo ilustre leader do Partido Nacionalista, não se poupará a dar explicações à Câmara.

Mas o que é certo é que, derrubado o Ministério do Sr. Vitorino Guimarães, foi indicado para o substituir o Sr. António Maria da Silva.

Supunha a Acção Republicana que, tendo existido um bloco, com fôrça palpável, que tinha uma orientação definida, um bloco que tinha dado as suas provas e que pôde, embora com intermitências, organizar ministérios durante ano e moio, que o Sr. António Maria da Silva, enveredasse pelo caminho da organização do Ministério adentro do bloco.

Fomos, porém, surpreendidos com o facto de se ter dado por terminado o bloco, e, apesar de nós fazermos parte dele, não tivemos a mínima comunicação oficial de que êsse bloco se tinha rompido e desfeito.

E entretanto, anunciava-se que se ia constituir um Ministério retintamente democrático, sem nós termos sido ouvidos.

O Sr. António Maria da Silva tem fama de ter habilidade e tato político, e todos nós não podemos deixar de lhe reconhecer, além destas qualidades, uma outra, o talento político, de que já tem dado também bastantes provas.

Mas S. Exa. falhou desta vez, porque conduziu as suas negociações por tal forma que nos melindrou a nós, Acção Republicana, e nos colocou na situação de pessoas que, tendo sido aliados na véspe-