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Sessão de 6 de Julho de 1925 17

Eu não sei o que a sorte reserva a êste Ministério, mas se ainda houver lógica em Portugal, e êle, portanto, cair, se novamente surgir o pensamento de fazer depender a formação do futuro Govêrno da ignominiosa resposta ao ignominioso telegrama para Paris, decididamente, homens livres de Portugal, isso é demais e justifica todas as revoltas!

Apoiados.

Esboçado o interregno de D. Tancredo, foi pedido um nome ao Directório do Partido Republicano Português, único que conta na vida política. Êsse Directo rio indicou o nome do Sr. António Maria da Silva, que constituiu o Ministério que lhe foi possível dentro, naturalmente, daquela facção do Partido Democrático de que S. Exa. é, sem melindro para ninguém, a figura mais representativa.

Mas S. Exa. cometeu dois erros no critério a que se subordinou. O primeiro foi demorar muito tempo a formação do Govêrno. Quem se mete em cavalarias desta natureza não deve dar tempo ao adversário para respirar; deve i á trazer o Ministério na algibeira de forma a formá-lo em 24 horas o máximo.

O segundo êrro foi o seguinte: possivelmente na constituição do Govêrno S. Exa. podia ter-se dispensado de chamar certos nomes, honrosos sob o ponto de vista pessoal, mas que se prestam a fáceis ataques dos seus adversários. Contudo, S. Exa. é que é o responsável pelas suas atitudes; S. Exa., por isso, se justiçará como quiser, na certeza de que, sendo todos honrados sob o ponto de vista pessoal, dois ou três nomes podiam dispensar-se de fazer parte do Ministério.

Logo do início da vida do actual Govêrno surgiu um problema político importantíssimo. Começaram, dizem-me, até a fazer-se apostas sôbre a sua possível existência.

Qual vai ser a sorte do intemerato lutador António Maria da Silva ? - pregunta-se de todos os lados.

Conseguirá êle - permitam-me V. Exas. que empregue uma linguagem taurina - rabejar o adversário canhoto?

Risos.

Conseguirá amortecer a fúria leonina dos oposicionistas?

Conseguirá sugar a actividade dos accionistas, aspirando-os para o seio do Partido Democrático?

E, cousa curiosa, fazendo parte do Partido Nacionalista e tendo a honra de pertencer ao seu corpo directivo, nunca vi que as suas atitudes fossem tam discutidas como nessa hora. Um jornal, que estimo e leio sempre com muito agrado, dizia mesmo: "então, pois quê, êsses pobres ingénuos dos nacionalistas, a bondade paternal do Sr. Ginestal Machado, a fúria, roas no fundo bom rapaz, do Sr. Cunha Leal, tudo isso comido pela habilidade do Sr. António Maria da Silva"? - e vinamas homílias ... Nós lemos isto o dissemos: "credo, pois nós não havemos do demonstrar ao Diário da Tarde que não somos assim rapazes para ser comidos?"

Risos.

E naturalmente ou disse ao Sr. Ginestal Machado: bem, vamos lá para a luta, e compreendem V. Exas. que nós somos tam infelizes e que não temos a bondade de Poder Moderador que está sempre sôbre a cabeça dos democráticos, havíamos de nos querer mostrar galhardos, avançando para o Sr. António Maria da Silva com a ousadia dos bons combatentes!

Já V. Exas. vêem que o que nos decidiu foram as objurgatórias do Diário da Tarde.

Risos.

Outros preguntavam: "Então êstes nacionalistas não vêem o prejuízo que causam ao seu partido pondo-se sempre na oposição"?

jNunca vi tanta gente preocupada com a atitude do meu partido!

Os monárquicos chamaram-nos aero-nacionalistas; outros diziam: " Então não vêem que o Poder vos está a cair nas mãos"? (o pior é Belém ...)

E claro que quem dizia isto eram os canhotos e os accionistas, que, aliás, têm estado sempre contra nós.

Mas é que nós não olhamos para os nossos interêsses, mas para os da República!

Muitos apoiados da direita.

E assim, se o nosso sacrifício fôr considerado necessário para a felicidade do País, nós fazemo-lo até com, prejuízo da nossa virilidade partidária.

Apoiados.