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Sessão de 6 de Julho de 1925 21

rã, nem sequer mereceram que lhes fôsse dado aquele cordial aperto de mão da despedida.

Apoiados.

Sentimo-nos melindrados com esta forma de proceder, é certo, mas seria, por acaso, êste ressentimento motivo suficiente para levar a Acção Republicana a não dar o seu apoio ao Govêrno que se acaba de organizar?

Não, Sr. Presidente. O nosso despeito e o nosso ressentimento, aliás perfeitamente justificados e justificáveis, não eram de molde a colocar os nossos interêsses individuais e partidários e os nossos melindres em oposição com aquilo que nós reputamos o bem da Nação.

Não, Sr. Presidente. É que a constituição do actual Govêrno justifica o nosso receio na futura administração do Estado.

O Sr. Rodrigues Gaspar, leader do Partido Democrático, creio eu, produziu aqui, há pouco, uma afirmação que me encheu do júbilo, a de que não tinha havido qualquer combinação, por parte do seu Partido, fôsse contra quem fôsse.

Mais tarde o Sr. Cunha Leal afirmou que não tinha havido aliança, e, foi bom que tal afirmação se fizesse para se destruir a atoarda, de que já se fizeram eco os jornais, de que o Ministério se havia formado simplesmente para fazer o desaparecimento da Acção Republicana.

A História repete-se, e tempos virão em que há-de ser preciso novamente uma muleta.

Mas, então, a lição de hoje terá aproveitado, é, à semelhança do que disse há pouco o Sr. Cunha Leal, nós não seremos também comidos.

Sr. Presidente: a Acção Republicana pode fazer aqui declarações absolutamente iguais às que fez o Sr. Cunha Leal, isto é, que, apesar de pequenos o em reduzido número, havemos de marcar a nossa posição, absolutamente sós.

Não temos ligação alguma com o Partido Nacionalista. Não as temos hoje com o Partido Democrático, que nos repudiou; não as temos com qualquer das duas ou três correntes ou facções em que se encontra dividido êsse Partido da República. Queremos afirmar ao País que, se não fomos nós quem rompeu o chamado bloco, não temos também qualquer afinidade com qualquer lado da Câmara. Queremos marcar bem a nossa posição, sabendo perfeitamente para onde vamos.

A Acção Republicana deseja firmar bom êstes pontos:

1.° A Acção Republicana sempre lealmente ajudou a formar quatro Governos do bloco, aceitando as diferentes indicações do Partido Republicano Português para as presidências dêsses Governos.

2.° Não foi a Acção Republicana quem rompeu o bloco.

3.° A Acção Republicana não teve conhecimento prévio da queda do Govêrno Vitorino Guimarães.

4.° Não houve connosco, por parte do quem resolveu romper o bloco, e decidiu a organização do actual Ministério, a menor atenção.

E não houve, Sr. Presidente - e esta é a parto mais dolorosa da questão - a menor atenção política para com o grupo que aqui tenho a honra de representar.

Será agora, antes do passar a outras considerações, ocasião propícia para explicar ao Sr. Cunha Leal, ao Partido Nacionalista e à Câmara a razão por que a Acção Republicana se dividiu, a quando da votação dos duodécimos. Já disse que fomos surpreendidos pela proposta do Sr. António Maria da Silva, que surgiu depois de eu, como leader da Acção Republicana, ter apresentado uma proposta de emenda ao Regimento, para se efectuar a discussão dos orçamentos e de ter feito a declaração do que votaria os seis duodécimos pedidos pelo Govêrno Vitorino Guimarães. Toda a gente conclui naturalmente desta declaração que estávamos dispostos a apoiar o Govêrno Vitorino Guimarães. (Apoiados). Mas tendo o Sr. António Maria da Silva apresentado aqui uma proposta para que fôsse votado um só duodécimo, a Acção Republicana, ignorando por completo que seria posta de parte, julgando necessária a conservação do bloco, teve do arrepiar caminho, para conservar essa mesma fôrça.

E então as pessoas que só achavam comprometidas na declaração do que aprovariam os seis duodécimos viam-se naturalmente forçadas a votá-los. Era uma questão do coerência. Mas outros, com o desejo de que a fôrça do bloco se conservasse, tiveram de enveredar pelo caminho inverso. Creio que ficará assim explicada a razão da nossa atitude.