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Sessão de 6 de Julho de 1925 25

O Orador: - Há o maior deprêzo pela vontade do país, impedindo que cada qual laça ouvir a sua opinião no voto, impedindo assim a devida representação parlamentar.

Começou o Sr. Rodrigues Gaspar, por falar em nome da maioria, logo veremos qual é a maioria.

O Sr. Rodrigues Gaspar, na maneira porque se referiu ao Govêrno, não seguiu as praxes usuais, pois não principiou de lá para cá, mas sim de cá para lá; S. Exa. começou por se referir ao Sr. Ministro da Agricultura, aquele que trata dos assuntos da terra, para onde dentro em pouco vão deitá-lo, mas não contente com isto ocupou-se do lago, e lançou-se imediatamente ao lago, onde o Govêrno há-de morrer afogado.

Êste lago não é de água, mas sim de vinho verde de Amarante, marca "Lago Cerqueira".

Sr. Presidente: referiu-se o Sr. Cunha Leal aos processos conservadores do Sr. António Maria da Silva e às suas ideas radicais.

Para nós tam conservadores são uns como outros.

Conservam-se a si próprios.

O Sr. Francisco Cruz: - É o que sucede com V. Exas., tratam de si.

O Orador: - Eu referi-me apenas à vida política.

De resto está sobejamente demonstrado quanto os Governos são conservadores; basta lembrar os trinta diplomas de 10 de Maio.

O Sr. António Maria da Silva diz que vem presidir a um Govêrno novo, mas há um ano estava S. Exa. no Poder e entre outras medidas tomou o empréstimo rácico, que nada deu para o Tesouro.

Temos ainda o decreto dos três milhões de libras, operação que nesta casa do Parlamento, e das próprias bancadas republicanas, íoi considerado como sendo uma das mais ruinosas o deu lugar aos esbanjamentos.

Foi o Govêrno do Sr. António Maria da Silva, que pela voz do Sr. Rodrigues Gaspar aqui levantou a questão de Angola, cuja situação é bem conhecida de todo o Pais, pela nefasta administração do Sr. Norton de Matos.

O Sr. Paulo Cancela de Abreu (em àparte):- Para o compensar, é nosso embaixador em Londres!

O Orador: - Êste é que é o novo Governo?!

Ainda estou a ver o Sr. António Maria da Silva naquelas mesmas bancadas do Poder a defender a obra do Sr. Velhinho Correia, que ainda há pouco foi citado no Congresso Democrático como um dos seus melhores colaboradores.

O Sr. Paulo Cancela de Abreu (em àparte): - Por isso foi para o Banco de Portugal!

O Orador: - Êste é o tal novo Govêrno?

Ainda me lembro que foi no Govêrno do Sr. António Maria da Silva que a circulação fiduciária subiu a dezenas de milhares de contos, talvez mais de 400:000 contos.

É êste Govêrno novo que vem falar em redução de despesas!

Então não foi êste mesmo político quem consentiu o escândalo da exposição do Rio de Janeiro?

Isto é um Govêrno novinho em folha!

Em qualquer outro país certamente que não era o Sr. António Maria da Silva o homem público indicado para tomar conta da nau Estado precisamente no momento em que se vai realizar o acto eleitoral, que é necessário que decorra com legalidade e liberdade.

E êste Govêrno o Govêrno conservador?

Então não foi êste mesmo homem público, com os seus conservadores, que impediu no acto eleitoral dos corpos administrativos que os eleitores votassem?

Conservadora a acção do Sr. António Maria da Silva! Aquela mesma acção que ainda há pouco, a propósito da lei da selagem, permitia, se não incitava, aos comícios contra os verdadeiros conservadores, e até a um assalto à Associação Comercial de Lisboa! Conservador o Sr. António Maria da Silva!

Mas o que nos vem agora dizer o Sr. António Maria da Silva na sua declaração? Vem dizer-nos que está disposto a trabalhar em benefício da humanidade e da civilização!