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Sessão de 6 de Julho de 1925 15

No dia 29 era, porém, eleito membro do Conselho de Administração da Companhia Portuguesa dos Caminhos de Ferro o Sr. Vitorino Godinho.

Como pensar que um tal Ministério pudesse subsistir?

O Sr. Vitorino Guimarães caiu, pois, vítima da ânsia insofrida do Sr. Vitorino Godinho.

E então antes de se produzir o facto que poria a moralidade republicana em cheque, o Govêrno preferiu cair.

Mas se não foi assim - e esta teria sido a primeira hipótese - qual a segunda hipótese?

O Sr. Vitorino Godinho continuar a ser Ministro?

Não, porque nem Deputado pode ser.

Uma recomposição ministerial?

Também não porque faltava ao Sr. Vitorino Guimarães prestigio para tanto. S. Exa. era, evidentemente, um homem morto.

Havia, no emtanto, uma forma de S. Exa. poder viver: pondo-se em condições de poder dispensar o Parlamento. E, naturalmente, passou pelo cérebro de S. Exa. o seguinte dilema: ou os meus correligionários, apesar das minhas instâncias, me mantêm no Poder, ou, no caso contrário, fecho o Parlamento e fecho os ouvidos para não ouvir nada, para não saber de nada.

O Parlamento, porém, deitou o Govêrno a terra e não contente em lhe ter rejeitado a proposta dos duodécimos, obrigando-o a cair, mostrou depois não ficar indiferente a certos actos lesivos dos bons princípios e da Constituição, votando-lhe uma nova moção de desconfiança, para acabar de o estrangular; e uma sessão houve em que parecia haver, o propósito de todos, porque de todas as bancadas saíam propostas nesse sentido, de estrangular decretos ditatoriais dêste Govêrno. Depois de morto tivemos ainda de estrangulá-lo.

O Govêrno não morreu, dissemos nós, quando votámos a segunda moção de confiança; êsse Govêrno morreu estrangulado pela Nação, e nós, que tantas vezes nos esquecemos doa seus ditames, que tantas vezes nos esquecemos do que ela nos ordena, quisemos uma vez ser livres e manifestar à, Nação que tínhamos o desejo íntimo de estrangular o Govêrno, votando-lhe ainda depois de morto uma segunda moção de desconfiança.

Quais foram as condições parlamentares em que caiu o Govêrno do Sr. Vitorino Guimarães?

Quem foi que o deitou a terra?

Meio Partido Democrático - e eu, não querendo interferir na guerra do alecrim com a mangerona, não querendo apreciar se os bonzos que têm os braços livres para ameaçar e matar os canhotos valem mais que os canhotos que apenas podem apoiar os seus braços no braço direito dos bonzos, não querendo ver quem tem maioria, divido o Partido ao meio, faço êsse serviço, porventura aos canhotos e digo meio Partido Democrático, Êle concorreu para a morte do Ministério Vitorino Guimarães, e quem mais?

O Partido Accionista declarou pela voz do Sr. Sá Cardoso, por quem todos temos uma alta consideração, que, embora concordasse com a moção do Sr. António Maria da Silva, o que era certo era que, por virtude de afirmações feitas anteriormente, votaria com o Govêrno, mas, à última hora, e sempre previdente, porque em política é sempre preciso ser-se previdente, destacaram-se alguns accionistas para ajudar a deitar abaixo o Ministério, e então pondo números ao acaso destacarei um têrço do Grupo Accionista como colaborando na morte do Governo.. Além de alguns independentes colaborou inteiramente na morte do Ministério Vitorino Guimarães-que morreria às mãos do Sr. Vitorino Godinho - colaborou inteiramente o Partido Nacionalista. Êste foi o xadrez político que, sem conchavos anteriores ou posteriores, derrubou o Govêrno Vitorino Guimarães.

Vem a propósito dizer que um certo órgão do Partido Republicano Português, constantemente enjeita o nosso apoio e repele as nossas alianças. Neste momento eu quero afirmar que êsses senhores repelem e enjeitam aquilo que nunca lhes foi. oferecido. Nunca oferecemos apoio, nunca propusemos alianças. Se porventura, alguém as desejou, eu não sei; podemos afirmar que nós não as propusemos e que intransigentemente nos temos mantidos no único ponto, que a nossa pouca visão política nos indica, que é de querermos ir ao Poder sozinhos e governarmos sozinhos.