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Sessão de 15 de Julho de 1925 19

que comigo têm colaborado dando-me o melhor do seu esfôrço.

Apoiados.

O Sr. Alberto Jordão: - Mas V. Exa. poderia averiguar até onde vão as afirmações do Sr. relator!

O Orador: - Isso é a minha obrigação moral como Ministro. Eu sei as qualidades que me faltam para o desempenho dêste lugar, mas há uma qualidade que eu sei que possuo: é a coragem de não permitir que os interêsses públicos sejam descurados.

Sr. Presidente: disse o Sr. Alberto Jordão que eu devia ter levantado algumas observações gerais feitas no parecer pelo Sr. Tavares Ferreira, pessoa que com grande devoção se entregou ao exaustivo trabalho de relator dêste parecer.

Realmente, eu não concordo com muitas dessas observações, mas, querendo fazer trabalho rápido, não levantei a questão. Chamado, porém, agora a terreno, vou dar a minha opinião. Refiro-me à afirmação contida no parecer, de que seria talvez razão de ordem económica a entrada nos liceus do alunos em idade superior aos 10 anos e com uma instrução preparatória mais completa, feita na escola primária. Quere dizer, o ensino das primeiras classes liceais confiado a essa escola.

Eu não posso aceitar êste critério. Bom será que primeiro procuremos dizer quais são os fius da instrução secundária.

O que pretende o ensino secundário fazer dos seus alunos?

Para que é que êle os vai preparar?

Sabe V. Exa., Sr. Presidente, que as opiniões pedagógicas sôbre esta questão são múltiplas; há verdadeiros tratados sôbre o assunto.

Mas procuremos ver se conseguimos uma fórmula curta que defina o campo de acção do ensino secundário.

Dizem uns: o ensino secundário é o ensino que prepara para o ensino superior, na forma profissional que êle tem em alguns dos seus aspectos, e para a função criadora que êle deve ter como principal objectivo.

O ensino secundário não prepara só para o ensino superior, prepara também toda aquela geração que amanhã há-de ter um papel de dirigente; os que hão-de vir a ocupar altas funções no professorado, na política, na literatura, na arte, nas profissões liberais, no jornalismo, etc., isto é, todo o conjunto que representa a elite intelectual dum país. O fim do ensino primário em qualquer dos seus graus é outro.

Tem de preparar um outro tipo de população escolar e a sua acção tem de se exercer de maneira a dar a uma grande parte dos futuros cidadãos - àquelas que não são capazes pela sua maneira de ser intelectual individual de aspirar a dirigentes - uma cultura média tal que, tornando os conscientes e capazes de com sucesso lutarem na vida, dó a uma democracia a base moral em que ela tem de firmar-se.

O Sr. Alberto Jordão referiu-se ainda aos professores provisórios do liceu. Eu
acho que é indispensável tratar dêsse assunto e a êle vou consagrar a minha
atenção.

A orientação que domina no sistema secundário da maioria dos pauses é a de o organizar segundo o tipo chamado de ensino de classe.

Agrupam-se disciplinas, estabelece-se o laço de ligação que as prende, de forma que êsse ensino de conjunto consiga dar unidade aos conhecimentos a adquirir.

Procura-se assim realizar um ensino que esteja mais de acordo com o desenvolvimento das faculdades intelectuais ,do educando. E, posta assim à priori a questão, parece devemos ser partidários do ensino de classe que adoptamos.

Mas pregunto eu: Restaremos de facto a realizar um verdadeiro ensino de classe dentro dos liceus?

Não, pela dificuldade da sua execução e pela insuficiência de meios materiais de que dispomos.

O Sr. Alberto Jordão (interrompendo): - Mas V. Exa. reconhece que há professores do ensino secundário que estão integrados perfeitamente no ensino de classe...

O Orador: - Sei muito bem os altos valores que existem adentro do ensino secundário.

Mas o problema não se pode pôr como o Sr. Alberto Jordão quere. Se formos analisar bem a forma como se realiz-