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46 Diário da Câmara dos Deputados

oposto se tinha colocado sempre o Partido Republicano Português. Era êste partido contra a dissolução, manifestou-se vivamente contra ela nos seus congressos e na propaganda, e, no emtanto, êste famigerado partido, tam intransigente, tam cioso do Poder, tam exclusivista, foi o único a transigir para essa plataforma, admitindo a imposição dos outros partidos, ou seja o compromisso de votar, como votou, a introdução do princípio da dissolução na Constituição da República.

De 1919 para ca os Governos têm-se sucedido.

V. Exa. sabem que durante 1919 governámos em Ministérios de conjunção, isto é, estiveram no Govêrno representantes das facções políticas do tempo.

Em 1920, 1921 e 1922 há Governos do Partido Republicano Português, mas Governos de pouca duração, o chegámos ao Govêrno presidido pelo Sr. António Maria da Silva, que foi aquele que durou mais.

Se a Câmara só der no trabalho do percorrer a duração de todos asses Governos, verifica que todo o tempo de Governo do Partido Republicano Português não dará seis anos, com intervalos o com interpolações. De outros partidos, e mesmo contando Governos do Partido Republicano Português em conjunção com outros agrupamentos políticos.

Na Bélgica, o partido católico tem sido durante uns poucos de anos o detentor do Poder.

Ali há pessoas que podem ter três, quatro o cinco votos, creio eu, porque votam conformo as actividades que tem.

Votam como chefes de família, como professores, etc. e pode dizer-se que a maioria do partido católico vivo á custa do artifício, eleitoral, de atribuir mais do um voto a cada eleitor.

Na Bélgica fez-se realmente o monopólio do Poder.

Deu-se de facto uma reacção, que foi uma greve geral, não- pelo facto de o partido católico estar há tanto tempo no Poder, nem pelo facto de se atribuir uma ditadura parlamentar, más sim pelo facto de estar em vigor um sistema eleitoral com o qual não concordavam os membros do Partido Socialista, que reúne uma grande quantidade da população da Bélgica.

Chego portanto, só tendo feito senão o esfôrço necessário para provar a minha teso, à demonstração da sem razão do primeiro considerando do Sr. Pedro Pita. Realmente é um reconhecimento que à Câmara não cumpro fazer, porque nunca em Portugal nenhum partido deteve o exclusão do Poder.

Exactamente um dos maiores defeitos da política portuguesa, quer da Monarquia, quer da República, tem sido a pouca durabilidade dos Governos, e a pouca demora que as pessoas encarregadas de dirigir os diferentes serviços do administração pública fora tido nas respectivas cadeiras.

Nós não temos rasão para atacar os Governos por excessivo tempo, mas sim pela pouca duração. E esta a razão por que muitos negócios públicos tem corrido pela forma que todos nós sabemos.

Ainda hoje tive ocasião de fazer a revisão hum trabalho sôbre sciência administram a de um engenheiro francês, o verifiquei que os defeitos as anomalias das sociedades que se reflectem, nos serviços públicos lá são apontadas e ali e serviços públicos não estão organizados como em Portugal.

O Ministro tem que resolver inúmeros problemas, tem que presidir a muitos serviços do Estado, e estando pouco tempo naquelas cadeiras não se pode especializar, pois assim o Govêrno, quási que não chega a governar: quem governa é a burocracia, governa-se por assim dizer por uma forma automática.

Nesta ordem de ideas, a moção do Sr. Pedro Pita não representa mais do que um requerimento para ir ao Poder, traduz a avidez do Poder.

Para a Câmara ver a imparcialidade com que estou falando, citar-lhes hei por- exemplo o que, só passou no tempo da Monarquia com o Sr. João Franco, o qual para alcançar a popularidade que obteve andou de terra em feira, percorrendo assim todo o País, expondo os seus pontos de vista, processos êstes bem diferentes daqueles que hoje são empregados por alguns homens públicos, e que na verdade bem condenáveis são, pois na verdade não se compreende que homens públicos de uma certa envergadura usem