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Sessão de 16 e 17 de Julho de 1925 49

companheiros políticos e seus irmãos de armas.

Creio que estos exemplos são sugestivos para provar a V. Exas. que a permanência do Partido Republicano Português no Poder não tem sido resultado duma doentia ou excessiva ambição dêste partido.

Mas vamos agora analisar êsse lindíssimo avental de tricana que é o Partido Nacionalista, constituído por antigos evolucionistas, por antigos unionistas, por antigos sidonistas, por antigos centristas, ou seja, a parte republicana que se juntou, à volta do professor Egas Moniz.

Alguém me disse que o Partido Nacionalista era um saco de gatos, e de facto, infelizmente para a República, ainda há pouco o Sr. Cunha Leal acentuou, para vincar a atitude do seu partido, que êle estava arriscando-se a sacrificar a sua unidade partidária.

Emfim, nós vivemos num pequeno país em que nos conhecemos todos uns aos outros, o é tal o vício intriguista que, se uma senhora qualquer trair o marido em Vila Real de Santo António, nessa mesma tarde se sabe logo em Vila Real de Trás-os-Montes.

Todos nós conhecemos o que se passa no Partido Nacionalista.

Ora se o Partido Nacionalista é realmente êsse conjunto de divergências, é honesto imaginar que a entrega do Poder a êsse partido reproduz, intensificado, o fenómeno que sucedeu com o Partido Liberal.

Vemos, portanto, que a entrega do Poder ao Partido Nacionalista, em vez de o engrandecer, seria a causa da sua maior desagregação. E como nós somos mais nacionalistas do que todo o nacionalismo, e como queremos que a República tenha um grande partido daquele lado, pois não podemos viver apenas com uma fôrça política, é por êsse motivo que entendemos não dever dar o Poder ao Partido Nacionalista E preciso que êle se cimente melhor e que, quando fôr ao Poder, seja uma unidade orgânica.

Aqui está a resposta à acusação infundamentada do Sr. Pedro Pita, e creio responder simultaneamente ao Sr. Cunha Leal.

Cheguei ao termo da primeira parte do meu discurso, o qual se resumiu a provar, como provei, dentro do ponto de vista de acção, que o Partido Republicano Português nunca deteve por tanto tempo o Poder que se possa dizer, com verdade, que em qualquer altura exerceu o seu monopólio em Portugal.

Por outro lado quis demonstrar que, só admitíssemos a hipótese de êsse monopólio ter sido exercido, se verificava que não tinham surgido na vida social as reacções que êsse facto normalmente determina em toda a parte do mundo. Provei ainda, por uma outra ordem de ideas, que o Partido Republicano Português tinha feito nos seus pontos do vista mais definidos todas as concessões para permitir a união dos outros republicanos para uma acção republicana e para o próprio Partido Liberal ocupar o Poder e nôle fazer a experiência do que não basta dispor do Ministério do Interior para possuir uma maioria no Parlamento.

Por tudo isto se verifica, de uma maneira clara, som nenhuma espécie de efeito de retórica, sem nenhuma espécie de vício do lógica, com a clareza da verdade, que o imortal Sr. Pedro Pita, que redigiu êste período da sua moção, para não desmerecer das palmas académicas que ornam a sua casaca verde-garrafa, como a de Garrett, se pretendeu dizer que o Partido Republicano Português tinha procurado exercer o monopólio do Poder, iludiu a realidade.

Ultimada esta primeira série de considerações do meu discurso, e prosseguindo na análise da moção apresentada pelo leader do Partido Nacionalista, quero entrar agora na apreciação da segunda parte dessa moção.

Entro agora no aspecto mais actual da vida política portuguesa, no aspecto mais próximo dos tristíssimos acontecimentos que têm vindo a desenrolar-se sob os nossos olhos.

Porque não sou homem para faltar à verdade ou para iludir o meu pensamento, devo confessar que, efectivamente, nos últimos tempos, que há um ano a esta parte, não o Partido Republicano, mas a sua representação parlamentar na Câmara dos Deputados, porque já assim não sucede no Senado, tem assumido uma feição que se presta às críticas dos seus adversários republicanos e dos adversários das instituições.