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54 Diário da Câmara dos Deputados

de todas as suas dissidências e organizarem-se para impedirem que a crise se agrave.

O remédio para os casos anteriores, sabem-no todos, foi a concentração dos republicanos numa única unidade de acção.

Assim, sucedeu em Monsanto, na traulitânia e no 19 de Outubro.

Não tenho o hábito nem das divagações inúteis, nem das afirmações dogmáticas, e por isso, e porque sou um republicano, julgo-me na obrigação, do mesmo as minhas ideas mais ciaras e as minhas opiniões mais simples as explicar a toda a gente, para que todos possam apreciar e sabor as razoes que me determinam e os actos que me impelem.

Disse eu há pouco que era lógico ver num partido um grupo, mas que era muito mau levar essa diferenciação até ao ódio, e aconselhava os meus correligionários que de tacto só encontram nessa actividade a cessarem-na.

Fi-lo, não para assumir os ares do conselheiro, mas para poder demonstrar que os republicanos, perante essa terceira crise da República, mais grave do que as anteriores, não tem outra maneira de proceder senão reunirem-se. É essa a forma do salvar a República de mais um transe. Não me importa, por consequência, essas pitorescas variações sôbre bonzos e canhotos.

Os homens valem tam pouco, é tam transitória a nossa passagem na vida, que não vale a pena gastar umas horas sequer da nossa existência: com pessoalismos.

Homens que têm uma consciência, homens que têm uma fé, não se podem subjugar a essa afirmação do envolucro transitório que é o corpo, porque olham para aquilo que é permanente, aquilo que representa uma aspiração, aquilo que e o sentimento de bem servir a humanidade o de bem servir a Pátria.

Por consequência, quando eu falava como faiei, colocava-me num terreno perfeitamente claro e definido que correspondia à doutrina que eu apregoo e defendo.

Verifica V. Exa., Sr. Presidente, que se o Sr. Pedro Pita foi infeliz na forma oratória e na redacção da primeira parte da sua moção, não foi também mais feliz
na redacção da segunda parte da mesma moção.

Mas eu disse, no início das minhas considerações, que nas tradições do Parlamento Português êste documento não tinha paralelo mesmo com os documentos de mais encarnecida combatividade.

Uma das características da actividade parlamentar é exactamente á elegância da da forma parlamentar, de maneira que quando alguns membros do Parlamento têm do combater outros, todos se devem respeitar e não só enxovalhar nas suas crenças e nas suas- convicções.

Ora, se realmente a expressão social do Parlamento deve ser correcta, talentosa, respeitando-se todos uns aos outros, a moção do Sr. Pedro Pita, que contém a expressão de que um partido, e ainda outros, são incapazes de governar, é feita com uma tal crueza, com uma tal falta de respeito mútuo que a torna um dos mais lastimáveis documentos que têm vindo à apreciação parlamentar.

Dir-se-ía que essa moção não era um documento dum partido para definir as suas crenças; dir-se-ia que ela era uma arma de arremesso inventada por um espírito complicado para pôr à prova da sua incapacidade do sentir a irresponsabilidade dos outros.

E neste aspecto ocorre-me um certo número de considerações, que são muito oportunas o de ponderar, o que dizem respeito à maneira como se tem vindo dia a dia acentuando o abastardamento dos estados parlamentares, a transformação dos hábitos velhos de respeito mútuo nos costumes presentes de agressão e violência.

Sr. Presidente: é de facto um fenómeno geral, não nos iludamos. Quasi todas as pessoas que têm escrito acêrca da actividade parlamentar no mundo inteiro e sobretudo as pessoas que defenderam a idea de liberalismo o que assistiram directa ou indirectamente a um período daquela Actividade, cuja época mais brilhante se localiza aí por meados do século passado, quási todas essas pessoas lamentam e observam que se deturparam, que só inferiorizaram os hábitos parlamentares por toda a parte.

Efectivamente, como já há pouco tive ocasião de dizer quando me referi ao orçamento do Ministério da Instrução, on-