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50 Diário da Câmara dos Deputados

Eu sou daqueles que acreditam que um partido político, porque é constituído por homens, não pode ter a homogeneidade da rocha mais homogénea que possa imaginar-se; isto é, não pode ser constituído por certo número do pessoas completamente com as mesmas ideas, com as mesmas sensações, com as mesmas vontades.

Evidentemente, esta homogeneidade perfeita, êste acordo completo das vontades, dos esfôrços e das acções dos indivíduos, não é próprio da natureza humana. Não é possível obter que determinado partido político, mesmo nas ruças mais adiantadas e mais cultas, seja constituído por pessoas tam iguais, de espirito tam idêntico, que não tenham nenhuma espécie de agitação entre si.

Mesmo nos lares, pai e mãe, unidos pelos laços sociais, os mais fortes, os filhos sustentados pelo pai e pela mãe, dedicados até o sacrifício de sentimentalismo saudável, há desencontro de opiniões.

Sr. Presidente: escolhi exactamente êste grupo, por ser o mais simples, por ser aquele em que o amor social torna mais coesa essa expressão.

Nesta hora de ódios, sou daqueles que supõem, que um partido não é realmente a soma das gotas de água que dão a expressão morta de um lago morto, mas uma agremiação constituída por pessoas que, possuindo a décima milionésima parte do elementar sentimento, se juntaram para dar o sentimento todo do organismo.

Assim eu devo dizer, Sr. Presidente, que na verdade, e disso estou convencido, um partido é apenas um acordo do vontades.

Eu assim o entendo, pois a verdade é que o contrário disto não faz sentido nem mesmo, a meu ver, se podem chamar partidos, mas sim ùnicamente um agregado de homens sem aspirações nem vontades.

Esta é, Sr. Presidente, a minha maneira de ver sôbre o assunto, e creio estar doutra da lógica e da razão; não se compreende o contrário disto.

Torna-se absolutamente necessário que os partidos sejam assim constituídos, do forma a que se possam fazer leis úteis que aproveitem a todos, lutando todos pelo bom comum, e não digladiando-se uns contra os outros, o que na verdade não faz sentido.

E que nós encontramos em cada uma das fôrças do nosso organismo uma maneira tam perfeita e completa, que no momento em que eu estou falando trago vitalizado o meu coração e todos os músculos do meu corpo. E, de facto, na minha voz não é apenas a minha voz que existe; é toda a minha vida.

Dizia eu a V. Exa., Sr. Presidente, e não o digo à Câmara, porque desatenta está e porque, aliás, na sua grande maioria me não interessa, que realmente um partido político não pode ser um agregado de todas as pessoas pensando da mesma forma e pelo mesmo feitio. Portanto, é próprio de um organismo político a existência de modalidades no seu funcionamento, e por consequência não é pelo facto de se ter produzido um certo número de nuances dentro do Partido Republicano Português que a mim mo choca ou revolta.

O que de facto torna a expressão dessas correntes prejudiciais, não já para á vida do meu partido, mas para a República e não já para a vida da República, mas para a vida de Portugal, é que essas ideas são apenas a manifestação de rancores pessoais.

Isso é que é mau nesse partido social? isso é que é mau num país.

Aprendi na velha escola que as represálias são uma prática que nivela os que ás praticam com os que as sofrem.

Infelizmente esta modalidade doentia da vida política republicana não é só dos portugueses.

Não somos só nós que não sabemos combater-nos e discutir-nos, sem nos malquerermos.

De casa para casa de organismo para organismo, os homens em geral não sabem neste País ajudar-se, respeitando-se, o quando não concordam uns com os outros só sabem manifestar as suas discordância odiando-se como feras. E aqueles que nos dizem que nós estamos tendo um comportamento que não nos autoriza têm realmente razão.

Sr. Presidente: ou reconheço que o vício de funcionamento do Partido Republicano Português nesta hora é a reflexão de um vício geral de toda a sociedade portuguesa, que nós encontramos até mesmo nos nossos mais simpáticos adversários, que à última hora deram em agu-