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52 Diário da Câmara dos Deputados

um passado de sacrifícios, principalmente no tempo da Monarquia, eu nêle me quero conservar.

Qual era a interpretação do partido?

Eu porventura, a de que todos tivéssemos a mesma crença religiosa, que todos tivéssemos a mesma interpretação económica?

Todos os que fomos do Partido Republicano Português aos lembramos que tivemos ao nosso lado livres passadores como Heliodoro Salgado, católicos como Pais Pinto, republicanos quási da extrema direita como Jacinto Nunes, redutos quási a deixarem seduzir-se pelas razões de humanitarismo internacional, como António José de Almeida, e no emtanto homens de variadas crenças políticas, todos unidos à, sombra da mesma bandeira, sob uma mesma aspiração, que atinai se realizou por cansa disso mesmo.

Porque não há-de ser possível dentro da República verificar, ao fim do 15 anos, que nós não soubemos criar as fortes unidades que era mester ter criado. Regressemos a essa tradição e juntemos na mesma unidade, não as pessoas que têm um determinado número do apetites a satisfazer, um determinado número de rancores a exprimir, mas todos aqueles que, embora divergindo de processos, estão conformes em fazer desta República, não uma mascarada, mas aquilo que ela devia ser na realidade.

Pois não é esta aspiração de realizar a República, que se foz pelo esfôrço de tantos que divergem entre si neste momento, tam digna de ser efectivada como a aspiração de implantar a República?

E qual é a forma, a maneira de se realizar essa nobre aspiração de realizar a República?

A minha inteligência não açodo de maneira nenhuma a reminiscência que contraprove e demonstre a dificuldade de assim fazer.

Pelo contrário, tudo me diz, tudo me prova, tudo me demonstra que é inteiramente possível realizado.

Todavia demonstro que é inteiramente razoável e que é até necessário efectuar essa concentração, porque a República se encontra nesta hora numa das mais difíceis passagens, num dos mais difíceis transes e mais grave período.

Sr. Presidente: vou dizer a V. Exa. as razões, os factos e fenómenos em que baseio a afirmativa de que a República se encontra num dos seus mais graves períodos, difícil tivesse algumas dificuldades.

E agora o momento da estudar as duas crises da República, é o momento de me reunir à primeira dessas crises, ou seja a ditadura Pimenta de Castro, que se deu entre Janeiro e Maio de 1915.

Se V. Exas. se recordarem dos factos que se passaram nos últimos meses do ano de 1914, verificarão o seguinte:

Não tinha aumentado o número de monárquicos em Portugal, e lei era pelo menos o mesmo senão menor do que em 5 de Outubro de 1910.

Não se tinham verificado em Portugal acontecimentos que inutilizassem ou desprestigiassem os republicanos.

O Govêrno de 1913 acabava de cumprir umas das mais profundas e agitadas reivindicações republicanas do tempo da Monarquia: fizera o equilíbrio das contas públicas.

Emfim, cada vez mais se acentuava o republicanismo, mas o que tínhamos era os republicanos divididos em Jutas intestinas, exercendo represálias uns sôbre os outros, difamando-se; e então, quando os homens que tinham feito a República e a defendiam se enfraqueceram como colectividade para defender a República, a ditadura Pimenta de Castro fez-se com a maior simplicidade.

O enfraquecimento do sistema republicano em Portugal fez juntar as pessoas que andavam desavindas, e então a mesma razão que havia feito a República, ou seja a concentração dos esfôrços na realização do ideal, criou a mesma causa e fez-se com uma facilidade assombrosa, em que muitos arriscaram e perderam a vida, essa prova de que o espírito republicano não desaparecera em Portugal.

De 1916 a 1917 encontrámo-nos também numa posição idêntica, a de não aumentar, antes pelo contrário, o número de monárquicos.

Produziu-se, é certo, um facto que foi a preparação de Portugal para a Grande Guerra, e com isso se deu uma grande dispersão nas fôrças republicanas.

Mas nesta Câmara estão muitas testemunhas que se hão-de lembrar de que o