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Sessão de 16 de e 17 Julho de 1925 51

çar toda a sua retórica para armarem em conselheiros paternais e virem dar-nos umas pequenas bofetadinhas nas laces, dizendo-nos:

"Vocês não são maus se nos deixarem ir onde queremos".

Êles que têm convertido as questões mais simples em verdadeiras tempestades de ordem pessoal!

Até mesmo neles não há autoridade para nos virem censurar êsse defeito.

Mas não queiramos ouvir dizer que, homens conscientes que constituímos um partido, reconhecendo que essa explosão de malquerença é prejudicial ao regime que defendemos e ao País que servimos, temos obrigação de nos saber dominar e reduzir em nós essa parte interior que pretende dominar-nos.

Nessa ordem de ideas, sem de forma nenhuma querer aparecer aos meus correligionários como uma espécie do padre-mestre, que pretenda ensinar-lhes o caminho directo por onde devam seguir, eu no emtanto quero aproveitar o ensejo para fazer uma exposição sôbre a minha vida de republicano.

Fiz-me republicano voluntária e espontaneamente no tempo da Monarquia, com sacrifício de todas as minhas comodidades, arriscando tudo quanto podia arriscar, o meu destino, a minha vida, a minha saúde, tudo com fundamento republicano, espontânea e voluntariamente, por princípios de carácter doutrinário, porque à minha consciência e inteligência repugnava, como repugna ainda hoje, a hereditariedade do governo dos povos.

Porque à minha inteligência e consciência repugnavam e ainda hoje repugnam todas as maneiras de dirigir os povos que se baseiem na imposição duma classe ou homem a todas as pessoas que constituem um país.

Mas além dessas razões de carácter doutrinário, que me fizeram, por desenvolvimento intelectual e moral, ser espontânea e voluntariamente republicano, outras razões doutrinárias também determinaram a repugnância da minha sensibilidade, e entre outras a decomposição em corrilhos a que tinha chegado a política no tempo da Monarquia.

Não havia de facto partidos em Portugal, até que no século XVII um escritor estrangeiro que visitara o nosso Pais tivera ocasião de verificar que a vida política se decompunha uma série de facções, que se digladiavam numa série de lutas, sem nenhuma ordem de escrúpulos.

Deu-se a certa altura uma floração de cheios e partidos, que tinham como dirigentes políticos quási todos os regedores ou cheios do caciques dêste País. E então, como português que era, entendendo que essa forma dos partidos, se assim se lhes pode chamar, era prejudicial à vida do meu País, ao desenvolvimento das qualidades do povo português, eu fui também republicano contra os monárquicos por essa razão.

Por consequência, Sr. Presidente, quando eu verifico que a 15 anos da Êepública os hábitos monárquicos estão tam vivos que adentro do meu própiio partido se reproduzem os corrilhos pessoais, eu não posso deixar de estar contra todos êles. Não mo importa saber se êles são da direita ou da esquerdci; não me importa saber se aqueles que os compõem estão praticando aqueles métodos que ou defendi numa vida já longa de propaganda doutrinária.

Pouco me importa que uma velha camaradagem, que vem desde o tempo da Monarquia, me deva prender por um laço de solidariedade.

Não me importa nenhuma dessas ordens de razões.

Canhotos e bonzos, bonzos e canhotos são igualmente motivo de crítica e censura se existem agrupados.

Sacrificando o conjunto para satisfação de ressentimentos, praticam um atentado contra a República, são portanto contra a Nação.

E eu, que não posso louvar dentro da República uma cousa que condenei dentro da Monarquia, não posso deixar de ser contra essas duas espécies de falsificações do meu partido, que andam a realizar perturbações inqualificáveis.

Expresso, assim, uma maneira de ver clara e firme, sem ter o intuito de dar conselhos a ninguém.

Soldado dum partido, e que o não quer ver convertido numa federação dê corrilhos, que detesta, dum partido que tem