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Sessão de 16 e 17 de Julho de 1925 57

E que, por consequência, em nome dos próprios interêsses da humanidade prejudicada, Portugal devia ser desapossado.

E êste tema tem se desenvolvido e cresce.

Sentimo-lo, aqueles que são verdadeiramente portugueses, o que vemos na atenta observação dos fenómenos que interessara o povo da nossa terra, que há uma atmosfera de ódio e hostilidade que nos envolve por todos os lados.

Temos, é certo, leais e velhos aliados, mas a guerra trouxe à publicidade as memórias de um antigo embaixador em Inglaterra, onde eram descritas minuciosamente as negociações de um tratado secreto.

Êsse embaixador havia presidido a um acordo que tinha por base, de facto, a partilha do território português.

Ai dos países que não aproveitem as suas energias e as suas qualidades, e que se não importem com o dia de amanhã, imaginando que, na hora própria, um amigo velho e carinhoso há-de fazer por êles os sacrifícios que êles, por si próprios, não souberam realizar!

Eu continuo a dizer, Sr. Presidente, que o maior inimigo dêste País tem sido o inimigo interno, os falsos dirigentes, todos êsses que dizem bater-se por princípios, e que afinal são os inconscientes e mais valiosos colaboradores da obra de perseguição a Portugal, que se faz agora, a bem dizer, em toda a parte do mundo.

Êste aspecto da crise externa portuguesa coincide com sintomas objectivos que há pouco descrevi, quando analisei a terceira crise da República.

Lembrei-me no decurso das minhas considerações do vaticínio que fiz numa conferência que realizei em Outubro de 1910, poucos dias depois de implantada a República, ao povo da minha terra. Desejo bem que êsse vaticínio se não cumpra. Disse eu: o franquismo foi a última tentativa monárquica. Oxalá que a República não seja a última tentativa patriótica.

E então perante êstes riscos externos que citei, que não são uma invenção minha, mas uma realidade verificável, então que esta cobiça em volta das nossas possessões não é uma laboração da minha fantasia excitada, porque testemunhos concretos existem do que afirmo, então nós, republicanos, os monárquicos ou quaisquer indivíduos doutra crença, mas que portugueses sejam, consomem-se apenas a agitar rancores e a semear ódios?! Não sabem, ante a iminência dêsse perigo, dominar os seus próprios ressentimentos, vencer os impulsos da parte mais inferior da sua organização?

Não voem que se estão tornando colaboradores dos inimigos da nossa terra? Tenho o direito de preguntar que portugueses são êsses, que espécie de hipnose maligna cega essa gente, que, sendo portuguesa, não sabe discernir para além dos seus apetites imediatos, antevendo o cataclismo que eu há pouco, com tanta simplicidade, expus à Câmara, e que só não vê em Portugal quem não queira?!

Sr. Presidente: normalizar, estabilizar, terminar com a agitação, eis os artigos em que pode resumir-se o problema da actividade, que quer conservar-se fiel às tradições da sua Pátria.

Sr. Presidente: para nós, a necessidade instante da transformação da política nacional parte não do abatimento de crenças, mas do apaziguamanto das paixões, procurando resolver as questões pela agitação e pela violência.

Mas, esta política, necessária, não já para segurança do regime, mas para segurança do património nacional, ao que corresponde nesta terra?

Corresponde ao intensificar de rancores, a um subir de malquerenças, a um crescer cada vez mais forte da agitação. E posso eu, como português e como republicano, assistir a esta comédia em que uns, proferindo grandes frases de patriotismo e republicanismo, actuam, no emtanto, como se não fossem portugueses? Sr. Presidente: não estou disposto a isso, e sem ter quaisquer ligações com o Govêrno, eu quero desfazer a emboscada. É possível que não o consiga, mas, no emtanto, hei-de conseguir marcar uma posição na minha terra, para marcar bem a minha discordância com semelhantes processos.

Sr. Presidente: está vendo V. Exa. e está vendo a Câmara como a moção enviada para a Mesa pelo Sr. Pedro Pita teve o condão de excitar a minha susceptibilidade do homem, que, na verdade, vive quási isolado da política, no final do seu mandato parlamentar.