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62 Diário da Câmara dos Deputados

de colonização inglesa da América do Norte.

New-York, essa extraordinária cidade do que tanto se orgulha a Norte América, foi fundada pelos holandeses; na sua parte mais antiga ainda hoje existe um arco, onde está indicado a denominação que antigamente possuía, que era não New--York, mas New-Amsterdam.

Talvez seja interessante a esta hora da manhã o conhecimento duma anedota, a propósito de Portugal. Existe em New-York uma sinagoga judaica, onde a língua usada nos ritos religiosos é o português do século XVIII.

Tinha sido transmitido êsse costume de geração a geração até à altura em que eu estive em New-York há pouco mais de cinco anos.

O pastor da sinagoga tem um apelido português; chamava-se Da época em que eu lá estive o reverendo Mendes Pereira, nome dos mis portugueses que se pode imaginar.

É um fenómeno, é um acontecimento que, parecendo à primeira vista anedótico e deslocado, confirma o que eu digo sôbre a persistência o a vitalidade da acção portuguesa.

Para citarmos todos os povos que contribuíram para a civilização do continente Norte Americano, temos de falar nos franceses, que se estabeleceram na Luissiânia.

Vemos que a nação Norte Americana, cuja superfície, deduzido o território de Alaske, que é pràticamente inabitável, é mais pequena que a do Brasil, é resultado da acção conjugada de ingleses, franceses, holandeses e espanhóis, de tal modo que ainda hoje, nos Estados do Sul só fala espanhol. Permanecem assim como línguas regionais os idiomas dos povos que essencialmente colaboraram na civilização daqueles territórios.

Relativamente aos Estados Unidos do Brasil, pareço-me interessante lembrar o tratado do Tordesilhas, que, como V. Exa. sabe, é o tratado pelo qual o Papa mandou traçar uma linha dividindo o mundo em duas partes, uma destinada à actividade portuguesa e a outra destinada à actividade espanhola. Dele falou na sua obra monumental o Sr. Carlos Malheiro Dias, a quem aqui quero prestar homenagem da minha grande admiração.

O Marquês de Pombal, com a sua alta previsão, teve a noção de que o continente americano era o que se devia desenvolver mais ràpidamente, como efectivamente sucedeu.

Concentrou êle para o Brasil toda a emigração portuguesa, que então se dispersava quàsi exclusivamente na nossa África, e fê-lo de tal modo que ainda hoje vão para o Brasil compatriotas nossos aos milhares.

Como corria nesse tempo a fama de várias minas do prata na África, no território do Lombige, para elas se fazia uma grande drenagem do braços.

O Marquês de Pombal para o evitar chegou a publicar um decreto determinando o esquecimento completo das minas do Lombige.

Sr. Presidente; o Brasil é outra gerando afinidade lusíada, cada vez mais viva, cada vez mais forte, cada vez mais valiosa.

Houve até, por felicidade, no nosso tempo; uma experiência que pode chamar se experiência da renovação portuguesa. Quero referir-me à viagem aérea transatlântica de Gago Coutinho e Sacadura Cabral.

Efectuou-se essa viagem, fez se em condições perfeita mento demonstrativas de que, se existir em Portugal uma política conveniente, realmente o Brasil pode vir a ter uma ligação muito mais íntima em Portugal do que podem imaginar muitas pessoas.

Sabe V. Exa. que, na altura em que Gago Coutinho e Sacadura Cabral ultimavam os seus preparativos para a viagem Lisboa Rio de Janeiro, se levantou por intrigas das mesmas potências que nos disputam o nosso domínio colonial, e que são uma séria ameaça para a nossa soberania no Brasil, uma tempestade nacionalista contra Portugal.

Tudo parecia indicar que nosso momento o Brasil se agitava Duma actividade do repulsa de portuguesismo, numa actividade do condenação dos portugueses.

Fez-se a travessia do Atlântico, fez-se com êxito êbbe cometimento que recorda os tempos da epopeia portuguesa.

Fez-se assim o raid ao Rio de Janeiro por Sacadura Cabral, a cuja memória não posso deixar de prestar a minha home-