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Sessão de 16 e 17 de Julho de 1925 65

forte que podia testemunhar esta riqueza de exuberância a que mo venho referindo. E era precisamente durante o período em que era estabelecido o período dos países moribundos, em que nos metiam e aos turcos na mesma sentença que havia de nos condenar! Pois, exactamente, nessa ocasião realizávamos além Atlântico a nossa ressurreição.

Se mais exemplos precisasse da extraordinária riqueza de vitalidade que o povo de Portugal tem afirmado em cada geração, não me faltariam, nem me faltarão, porque é riquíssimo o manancial de que dispõem todos aqueles que são portugueses por alma e coração e não pelo simples facto de terem nascido em Portugal.

A esta obra de vitalidade já o Dr. Lacerda se referia no seu livro sôbre a viagem da costa à contra-costa africana.

S. Exa. quando fez o seu relatório para convencer a minha de que essa viagem era necessária para os interêsses portugueses, invocava como argumento o simples facto de que, havendo-se estabelecido recentemente uma feitoria inglesa no Cabo, dadas as condições de assimilação e desenvolvimento dessa raça, era de tomar a sua acção para o efeito colonizador da nossa raça. Infelizmente a previsão do Dr. Lacerda realizou-se e os nossos dirigentes não souberam evitar a tempo as suas consequências.

Essa viagem do Dr. Lacerda através do continente nego, além desta particularidade política de ter produzido um acto de previsão que, se tivesse sido aproveitado, teria poupado muitos prejuízos a Portugal, teve ainda a vantagem de deixar semeado em Áírica um certo número de benefícios da actividades portuguesas. A propósito do poder de afeiçoação da raça quero referir um episódio interessantíssimo que no decurso de uma das minhas viagens em Angola me contou António de Almeida, que foi governador de Machico.

A certa altura do nosso território, no alto Zambeze, tinha residência um régulo poderosíssimo cujos domínios se estendiam para além da fronteira portuguesa, na zona já ocupada pelos ingleses.

Os ingleses, como V. Exa. sabe, não deixam de ser ingleses em nenhuma parte do mundo - e lá está a aventura da África do Sul a mostrá-lo como nenhuma outra. Um facto que comigo se deu por ocasião de um aniversário do 5 de Outubro em pleno oceano. Ao jantar na sala de primeira classe em que viajava, mandei servir champanhe a todos os que à mesa se encontravam, para lhes dizer que, sendo o dia da festa, de Portugal, me sentiria pouco à vontade se não tivesse contentes a meu lado todos os companheiros que naquele momento eram meus irmãos. O navio era alemão, o estávamos apenas a um ano do termo da guerra; no entanto a gentileza serviu e ainda nessa noite os nossos companheiros de viagem nos ofereceram uma festa que ficou gravada no nosso coração. Nós temos o mau sestro de não actuarmos em ordem ao que poilemos e de constantemente nos esquecermos das altas responsabilidades que temos em toda a parte do mundo, porque onde está um português está um passado já glorioso e um futuro mais glorioso ainda. Mas, Sr. Presidente, voltemos ao episódio do Alto Zambeze, que é perfeitamente característico do poder do afeiçoação dos portugueses.

Fazia parte dela um preto que foi ordenança dum oficial português. O seu contacto com o oficial criara-lhe tamanha afeição por Portugal que, como se fora o melhor dos portugueses, hora a hora vigiava pela integridade da soberania portuguesa em África.

Um belo dia...

Interrupções.

O Orador: - Isto não vai a matar.

Ainda tenho de falar mais sete horas.

Portugal tem na África, na América, e até na Ásia uma reprodução autenticamente viva da sua expansão através do mundo.

A teoria da renovação portuguesa é uma teoria-scientífica, perfeitamente integrada na vida social e popular, que ela explica e interpreta, e tem ainda esta enorme função pedagógica: é que no dizem que fôr assimilada por toda a gente, após ter sido divulgada por todo o País, esta teoria será, em vez de nibilista, como por exemplo a da revolução social, uma transformação de outro carácter.

Esta teoria exige apenas que cada português resolva dentro de si mesmo o problema do seu aperfeiçoamento moral, fi-