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Sessão de 16 e 17 de Julho de 1925 61

povos, em vez de progredir e desenvolver-se, desaparecia por completo.

Sr. Presidente: isto prova simplesmente e por consequência que se pode dar uma como que cristalização da actividade social nos mesmos moldes a que eu chamo tecnicamente o conformismo, de tal sorte que uma mesma sociedade se vai de geração para geração reproduzindo com os mesmos hábitos, atitudes, qualidades e defeitos.

A três séculos depois de havermos efectuado o formidável esfôrço das descobertas, aqui na Metrópole nós encontramo-nos perante essa espécie de cristalização social, variando um pouco, com o mesmo vício da tradição, o mesmo espírito de maldição, na mesma esterilidade doutros tempos.

Podemos considerá-lo, portanto, como um método de formação moral.

E do tal sorte, que os primeiros cristãos consideravam a maneira de trabalhar uma maneira do adorar as suas divindades.

De lustro para lustro, Portugal, apesar de ser senhor de vastos domínios e de poderosas riquezas, continua a vegetar e não tirar da sua energia viva e das suas magnificas riquezas naturais aquele desenvolvimento e aquele progresso que podia e devia tirar, de maneira que pode definir-se a sua existência num estado de conformismo, tam teimoso, tam persistente, que fez com que a sociedade portuguesa permanecesse na mesma fisionomia geral durante séculos e séculos, iludindo a lei fundamental das sociedades humanas, ou seja a lei da transformação incessante.

Foi assim que chegámos à época actual, foi assim que chegámos a êste estado de estagnação a que me referi.

Existe no emtanto a possibilidade de uma renovação. Basta surgir uma hora de vitalidade e um conjunto de altos dirigentes susceptíveis de revelar o valor que já está criado, e que não se tem tornado realidade devido à hipnose que tem atacado os homens, não os deixando ver as realidades.

Sabem V. Exas. que existe à entrada da China uma pequena feitoria portuguesa, que tem mais de 400 anos e que destruída uma vez, destruída segunda vez e que reproduzindo-se pela terceira no ponto em que se encontra, Macau dura há todos êstes séculos.

Portugueses, com as qualidades e defeitos dos portugueses, êles se têm conservado, não porque nós tenhamos uma poderosa marinha de guerra com que possamos constantemente zelar, acautelar e defender a continuidade lusíada dessa longínqua parcela de Portugal, que portuguesa se tem mantido, suas não pela fôrça.

De maneira que, estando de facto essa colónia muito afastada, ela ainda se encontra portuguesa porque a afinidade lusíada que os primeiros colonizadores ali depositaram é tam poderosa que tem resistido a todas as agressões.

Sabe V. Exa., Sr. Presidente, que existe egualmente na Ásia um cantinho da índia, chamada a índia Portuguesa, onde por egual um conjunto de indivíduos se conserva português, sem que para isso Portugal possa dispor de um grande exército de terra ou de uma grande armada, que não tem. É que também aí medra e se desenvolve uma actividade lusíada.

E êste caso é interessante porque, possuindo a Inglaterra um forte exército e uma poderosíssima armada e ocupando ela a maior extensão da índia, a Inglaterra não consegue no emtanto inglezar a índia.

Neste paralelo está bem patente essa fôrça indomável a que eu chamo a actividade lusíada, que, mesmo a despeito de todos os defeitos, fortifica e se desenvolve.

Assim sucede no outro lado do Atlântico. Existe no outro lado do Atlântico uma grande e extraordinária Nação: quero referir-me aos Estados Unidos da América do Sul.

Na evolução da colonização do continente americano, aquela parte que coube a Portugal apresenta-se com características singulares. Todo o território dos Estados Unidos da América do Norte não chega a ter a extensão que é ocupada pelos Estados Unidos do Brasil.

Sr. Presidente: sabe V. Exa. e sabe a Câmara que os Estados Unidos da América foram colonizados no norte da Nova Inglaterra pelos ingleses. Foi essa extraordinária colonização dos puritanos, que estabelecendo-se no estado de Massa-chusetts, deram origem a êsses núcleos