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22 Diário da Câmara dos Deputados

palavras simples, mas infelizmente comprovadas pelos factos e por uma convicção que me domina.

O momento é, na verdade, difícil e confuso. Para o esclarecer é necessário, primeiro que tudo, que havendo dentro da política do País um homem como eu, que tem dado pi ovas da sua imparcialidade perante as correntes políticas, do seu respeito pelas opiniões dos outros, o da sua consideração pela sinceridade alheia, reclame para a sua maneira de pensar a mesma consideração e o mesmo respeito que tem pela maneira de pensar dos outros.

Não trago para o Govêrno nem palavras nem intenções de ódio.

Se eu pudesse, de qualquer modo, ter autoridade para fazer um apelo aos homens públicos do meu País, eu chamá-los-ia para um terreno de conciliação e entendimento, porque estou convencido, como há pouco disse, que o desentendimento dos homens é que tem provocado o mal do País.

A declaração ministerial consigna os propósitos do Govêrno. Evidentemente que os actos do Govêrno têm do ser determinados por estes propósitos; mas para, estabelecer neste país aquela acalmia e tranquilidade que o Govêrno deseja estabelecer, não basta que o Govêrno tenha boa vontade, não basta que o Govêrno pratique actos tendentes a êsse objectivo. E indispensável o concurso der todos, e êsse concurso começo já por pedi-lo aos representantes da Nação, para o pedir depois a todo o povo português, porque o entrechocar das paixões no Parlamento tem Imediato reflexo em todos os recantos do País.

Façamos a paz e a tranquilidade nos espíritos. Comecemos por fazê-la dentro do Parlamento português, comecemos por faze-la dentro das classes que dirigem a Nação portuguesa, e, se chegarmos a modificar a actual situação, todos nós havemos de dizer que cumprimos o mais instante e o maior de todos os deveres.

Sr. Presidente: eu agradeço ao Sr. Rodrigues Gaspar as palavras elogiosas que me dirigiu a mim é aos meus colegas do Govêrno, e como S. Exa. só referiu à situação em que se encontram os serviços militares dependentes dos Ministérios da Guerra e da Marinha, falando na necessidade de melhorar êsses serviços e a situação dos oficiais que pertencem ao exército e, à armada, devo dizer que, evidentemente, o Govêrno não pode ter outro intuito.

E certo que nem sempre as condições do Tesouro Público, como S. Exa. sabe autorizam os governos a realizar aqueles desejos que os dominam.

Fez S. Exa. o elogio dos oficiais da armada e do exército portugueses. A êsse elogio associa-se o Govêrno. Estou convencido que não há efectivamente oficiais do exército e da armada de nenhuma nação do mundo que sejam mais competentes, mais patriotas, melhores profissionais do que os oficiais do exército e da armada portugueses. Sendo a minha homenagem a êsses oficiais, o ser porventura, o Govêrno encontrar possibilidades materiais no sentido de bem-ficiar a sua situação, sem dúvida má, o Governo terá o maior prazer em realizar êsse desejo.

Ao Sr. Cunha Leal, ilustre Tender do Partido Nacionalista, devo as carinhosas referências que a sua amizade, mais do que o seu espírito de justiça, quis tributar-me. Sabe S. Exa. que correspondo com amizade igual, e que tenho por S. Exa. admiração que os seus merecimentos e o sen patriotismo a todos inspira.

S. Exa. quási que lamentou o ter de tomar, por virtude das circunstâncias políticas, uma atitude de oposição ao actual Govêrno. Também eu lamento que o Sr. Cunha Leal se veja nessa necessidade, tendo de ser, contra sua vontade, um opositor do meu Govêrno. O Partido Nacionalista define a sua. posição, posição de descordância, de ataque ao Govêrno a que presido. Não tenho que levar o mal, evidentemente, a posição que êsse Partido entendeu do sen dever tomar. Espero essa oposição com calma, porque quero acreditar que ela será determinada pelo desejo de bem servir o País o a República. Colocados o Govêrno e a oposição nos seus lugares, discutiremos tudo aquilo que possa interessar ao bem público e se, de facto, o Partido Nacionalista o colocar, como creio, acima do tudo, havemos de ter, porventura, momentos em que nos encontraremos de acordo.

Já disse que vim para este lugar na convicção de que tinha um grave e sagra-