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Sessão de 6 de Agosto de 1925 21

da minoria católica que, tendo declarado que nem sempre vira ocupar as cadeiras do Poder os homens mais competentes, todavia tinha dado o seu apoio a sucessivos Governos.

Há nesta afirmação um pouco de inexactidão e injustiça, porque se de facto, por princípio, nós não derrubamos os Governos só pelo motivo de serem Governos, visto que temos aqui uma função nacional e não partidária, negamos ou damos sempre o nosso apoio aos Governos conforme os actos que êles praticam.

Nunca o Partido Nacionalista levantou nesta Câmara uma questão de interesso nacional que não encontrasse os nossos votos a seu lado.

De resto, o Sr. Pedro Pita, foi tam injusto para connosco quanto é certo que quando o sen Partido esteve no Poder contou sempre com os votos da minoria católica.

Acho, portanto, absolutamente injustificáveis as palavras do ilustre sub-leader da minoria nacionalista.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente do Ministério (Domingos Pereira): - Sr. Presidente: ao apresentar-me como presidente do Govêrno ao Parlamento da República, não trago no meu espírito outros sentimentos diferentes daqueles que me inspiravam durante o tempo em que desempenhei as funções de presidente desta Câmara. Se a maneira como exerci essas funções mereceu a benevolência de todos os lados da Câmara, é porque a Câmara reconheceu que, através de erros que porventura pratiquei, houve sempre uma intenção honesta a determinar-me.

Presidente do Govêrno, animam-me exactamente os mesmos sentimentos e as mesmas intenções. Estou aqui, não porque de qualquer forma solicitasse o encargo de que fui incumbido; estou aqui para prestar serviços ao meu País e à República; estou aqui para cumprir um dever que considero sagrado.

E se, no dizer de alguns dos Srs. Deputados que debateram a declaração ministerial, as suas atitudes são determinadas pela sua consciência, pelo desejo de cumprirem o que consideram um dever indeclinável, eu posso também afirmar

que quando vim para êste lugar consultei a minha consciência e ela disse-me que devia para aqui vir para cumprir um sagrado o indeclinável dever.

Alheio a paixões e a lutas, durante tanto tempo, e considerando as lutas e as paixões como o principal motivo das desgraças que afligem o País, (apoiados) continuo fiel ao meu propósito de me manter absolutamente alheio a umas o outras.

A situação que ocupo neste momento não me determina noutro sentido e, se eu estou aqui sem deixar de ser membro de um partido e fazendo parte do seu Directório, não recebi dêsse Directório qualquer indicação, nem êsse partido me impôs outra cousa que não seja o cumprir as obrigações de chefe de um Govêrno que deseja estabelecer a paz o a calma neste País.

Eu fui um dos homens mais combativos da política portuguesa.

Antes da República se implantar em Portugal dei, para a sua implantação, todo o meu esfôrço combativo. Durante o tempo em que ocupei um lugar na Assemblea Nacional Constituinte, ainda me determinava o meu temperamento combativo. Mas, ao ver que as paixões obcecavam os homens, e, ao verificar que nem sempre as pessoas, mesmo as de maior talento, tinham a noção exacta dos males do País e daquilo que era indispensável fazer para bem dele e a República, meditei e considerei que eu próprio praticava erros também, e que era indispensável, para que dentro da minha consciência reprovasse os excessos dos outros, que eu começasse por adoptar uma conduta nova na minha vida política.

Foi assim que, conservando o fundo do meu temperamento, reconheci que era necessário dominá-lo, impondo a mim próprio uma mudança no meu espírito combativo, porque, repito, quem, como eu, condenava os outros por êsse facto, tinha de começar por se condenar a si próprio.

O Govêrno que acabo de organizar constituiu-se numa, hora grave e difícil. E devo dizer isto, ainda que esta frase não seja do agrado do ilustre Deputado Sr. Dr. Pedro Pita, que ao analisar a declaração ministerial a criticou. Ela corresponde a uma realidade, dita por