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Sessão de 9 de Janeiro de 1919 11

foi meu critério manter no Ministério da minha presidência os meus colegas no último gabinete Sidónio Pais.

E, assim, seis dos Secretário de Estado do seu último gabinete histórico, transitaram, como Ministros, para o primeiro gabinete constitucional do Presidente Can-lo e Castro: — dois, eu e o Dr. Alfredo de Magalhães, representando a corrente dos relhos republicanos que, desde Dezembro de 1917, acompanhava incondicionalmente o grande e glorioso morto, cooperando com êle com o máximo de lialdade, com os maiores extremos de dedicação; — outros dois — Cruz Azevedo e Forbes Bessa— representando o núcleo aguerrido dos bravos oficiais que nas jornadas épicas de dezembro arriscaram, ao lado do heróico comandante do Parque Eduardo VII, o mangue generoso e moço dos seus corações ardentes de firmes e entusiastas republicanos; representando, ainda outros dois, Fernandes de Oliveira e Azevedo Neves.

A corrente dos antigos monárquicos que o prestígio, o valor, a coragem, o talento e patriotismo do maior de todos os republicanos integrou absolutamente na República nova. Um outro, o Dr. Egas Moniz, mesmo sem ser consultado, foi mantido no pôsto de responsabilidade e de honra em que o Dr. Sidónio Pais o colocara, prosseguindo com acrisolado patriotismo na alta missão que está desempenhando no estrangeiro e para a qual todos nós, portugueses, devemos ambicionar felizes resultados.

Os restantes membros do Govêrno — os elementos novos dêsse gabinete — um,
general Corte Rial, que aceitou êsse pôsto absolutamente constrangido, é um militar altamente graduado e consideradíssimo no exercito, alheio a todos os agrupamentos políticos e já mais de uma vez era lembrado pelo grande Presidente para sobraçar a pasta da Guerra; outro — capitão de mar e guerra Sousa e Faro, ora, no Ministério da Marinha, o chefe do gabinete do Presidente Canto e Castro, sendo um oficial da sua plena e absoluta confiança, é um velho republicano sem Ilação, um marinheiro considerado e um patriota como poucos.

Outro — o coronel Baptista Coelho — a pasta das Colónias, é o homem competente no lugar que lhe compete: colonial extensíssimo, organizador experimentado carácter rígido, não é nem nunca foi um político, tendo sido sempre um homem — e um homem de valor e de honra que servindo a República serve a Pátria.

Outro — o Dr. Afonso de Melo — duas vezos convidado pelo Sr. Dr. Sidónio Pais para a pasta que patriótreamente aceitou — e da qual insistente, categórica e inabalávelmente pediu a exoneração apenas soube que sôbre o seu nome prestigioso se levantavam dificuldades e obstáculos — era, na pasta da Justiça, - como o coronel Baptista Coelho o é na pasta das Colónias — the rigth man in the rigth place — porque, magistrado integro, conhecendo há longo tempo toda a engrenagem do seu Ministério, superior às tricas da baixa política, o seu culto fervoroso pela obra de Sidónio Pais, a sua identificação com a República nova, só são excedidos pelo seu culto pela lei, pela sua identificação com a idea da justiça.

Finalmente, a pasta das Finanças foi entregue à lúcida inteligência e à vontade de ferro dum novo com raras aptidões e que é o capitão de engenharia, Malheiro Reimão, alma vibrante de republicano, espírito iluminado de patriota, que tendo servido a Pátria e a República, ainda há pouco, na luta gigantesca do front, foi no Corpo Expedicionário Português um dos oficiais que, com mais brilho e mais talento, soube levantar bem alto e bem glorioso o prestígio imaculado da nossa bandeira, o nome sempre altivo do nosso pequenino Portugal.

Formado, assim, o primeiro gabinete constitucional do Presidente Canto e Castro, quando parecia que deveriam estar serenados os ânimos, mantida a ordem e restabelecida e refeita a disciplina, novas complicações surgiram, novas dificuldades se levantaram, novos obstáculos houve a vencer.

Tudo foi apreciado com serenidade e graças à intervenção dalguns bons portugueses e após uma reunião do Conselho de Ministros, para a qual foram convidados a assistir os Exmos. presidentes e leaders dos duas casas do Congresso, tudo se esclareceu.

Hoje as juntas estão dissolvidas e o novo Govêrno formado tem a honra de se apresentar pela primeira vez nesta casa, cumprindo gostosamente o dever de, por meu intermédio, saudar em V. Exa. a Câmara a que iam distintamente preside.