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Sessão de 9 de Janeiro de 1919 15

flíto se arrastasse por largos dias e chegasse a tal extremo e agudeza que, apenas se lhe via como solução a maior, a mais pavorosa, a mais desastrosa de todas as calamidades e catástrofes que podiam desabar sôbre a infeliz terra de Portugal, a calamidade da guerra civil. (Apoiados).

Felizmente, Sr. Presidente, e mercê de Deus, foi possível que nesse doloroso e trágico momento ainda se fizesse ouvir a voz da Pátria aflita que a todos suplica concórdia, e os elementos divergentes souberam encontrar na sua isenção e patriotismo uma plataforma de entendimento que deu lugar à solução honrosa do conflito, por meio da constituição do actual Ministério.

Tanto basta, Sr. Presidente, para que aos, os monárquicos, que fomos completamente estranhos à origem e ao desenrolar do conflito, porque, se alguma intervenção nele tivemos, foi apenas para contribuirmos com os nossos dedicados esforços para a solução conciliatória dele, vejamos com satisfação a apresentação dêste Govêrno, que representa êsse patriótico resultado. (Apoiados).

Sob outro aspecto, ainda nos é interessante a solução da crise política.

É já banal o dizer-se que nós, os monárquicos, temos momentaneamente arredadas do problema político nacional as nossas reivindicações, inspirados nos mais altos sentimentos de patriotismo e na consciência das gravíssimas circunstâncias criadas ao nosso país pelo estado de guerra e suas naturais consequências.

Mas, por mais banal que seja o afirmar-se esta verdade, não deixa ela de existir; e, assim, é que voluntariamente mantida por nós próprios a nossa acção política, temo-nos reduzido e limitado à sustentação e defesa dos princípios conservadores, que não constituem apanágio ou património apenas do regime monárquico, mas são ou podem ser comuns a todas as formas de Govêrno, e que consideramos absolutamente indispensáveis como impreterível condição de existência, ordem e progresso da sociedade portuguesa. (Apoiados).

E, assim, temos prestado a nossa acção política e parlamentar pela atitude que os diversos Govêrnos republicanos têm manado relativamente a tais princípios.

Nunca, por tal motivo, podemos ter o mais ligeiro entendimento com os Govêrnos democráticos anteriores a 5 de Dezembro, o só nos foi possível dar ao malogrado Presidente, Dr. Sidónio Pois, o apoio que lialmente lhe demos, e de que tanto nos ufanamos, porque êle veio ao nosso encontro, proclamando e sustentando princípios que sempre foram os nossos.

Só nos será possível dar às situações governativas, que lhe sucederem, o mesmo apoio que lhe demos, se elas se inspirarem nos mesmos princípios e prosseguirem na mesma orientação. (Apoiados).

Eis aqui, Sr. Presidente, em breves mas claras palavras, definida e explicada a nossa atitude perante o actual Govêrno, e se bem que o seu programa não possa satisfazer-nos por completo, pois está muito longe de obtemperar a todas as condições a que julgamos necessário atender, é todavia certo que procura realizar as mais instantes e urgentes reclamações de momento.

Saudemos, pois, o novo Govêrno, e, confiados em que os seus actos correspondam às suas promessas, ficamo-las aguardando em benévola espectativa, únicamente animados do desejo de nelas só encontrarmos e termos motivos para aplaudir e nunca para censurar.

Tenho dito.

Vozes: — Muito bem.

O Sr. Domingos Pinto Coelho: — Sr. Presidente: eu congratulo-me por ver oficialmente constituído o actual Govêrno, lamentando apenas que a sua constituição levasse tanto tempo.

Não há dúvida, Sr. Presidente, que se logo após o nefando atentado, os chefes do exército tivessem dito que era necessário a formação de um Govêrno militar, nenhum incidente teria ocorrido.

Mas, meus senhores, na demora que houve com a sua formação, eu somente lamento o tempo perdido, que é bastante, e lamento sobretudo que essa demora tivesse aproveitado ao demagogismo, que de novo aproveitou a ocasião para levantar a cabeça.

Ah! Sr. Presidente, emquanto viveu Sidónio Pais, o demagogismo não ousou levantar cabeça, que imediatamente não