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14 Diário das Sessões do Senado

Assim ouvi as explicações do Sr. Presidente do Ministério, e depois de ter ouvido aquelas opiniões que mais valiam do que a minha, tam singela e tam despretensiosa, mas dotada de não menor lialdade, olhava para essa figura austera do actual Presidente da República, habituado a essa luta imensa do oceano, sem se arrecear dela.

Estava bem longe dêste tumulnar de paixões e tempestades políticas, e apelara para que uma idea surgisse boa, e cesse tranquilidade a Pátria e segurança à epública Portuguesa.

Vendo o Ministério todo composto de homens de talento e de honra e fazendo parte do Ministério o ilustre Senador, meu camarada e amigo Dr. Albino de Maio, magistrado ilustre e respeitado por toda a magistratura, que canta um amigo em todos os que o conhecem (Apoiados), eu dizia com desassombro, e aqui olho para o Sr. Presidente do Ministério: e O Governo tem de ficar; deve ficar, custe o me custar».

Não disse que havia só um caminho a traçar: o da violência (Apoiados). Não, não foi isso que eu disse.

O Ministério tem a confiança, do país, assim como a do Parlamento e do Sr. Presidente da República:

«O Ministério tem de ficar custe o que custar». (Apoiados).

Foram estas as minhas expressões; e são estas palavras que quero fiquem consignadas, porque traduzem a minha forma de sentir; e feitas estas declarações ante o Sr. Presidente do Ministério a maioria cesta casa espera quer nas circunstâncias graves internacionais e internas, em que nas encontrarmos, o Governo inspirar-se há apenas nos altos interêsses da Pátria.

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Interior (João Tamagnini de Sousa Barbosa): — Apenas tencionava usar da, palavra depois de terem falido os ilustres Senadores inscritos; mas são da mais alta gravidade as afirmações do Sr. Castro Lopes, por quem tenho muita consideração.

Houve qualquer discrepância entre o que eu disse em Belém e o que disse na reunião da maioria? Não houve.

Como poderia havê-la perante a Câmara sem que um desmentido imediato
surgisse da, parte da maioria? Não o houve.

Recordo-me das suas palavras em Belém.

V. Exa. disse que, se o Presidente do Ministério atendia as Juntas, era porque queria, querendo significar com essa frase que e u, enveredava pelo caminho da transigência, guardo V. Exa. acompanhou os membros da Junta nas suas démarches.

O orador não reviu.

O Sr. Mário Monteiro: — Cabe-me a honra de definir a atitude da minoria monárquica desta Câmara em face da nova situação governativa, que acaba de apresentar-se no Parlamento.

A constituirão dêste Governo representa a solução duma das mais graves, senão da mais grave crise política, em que o País se tem debatido.

O bárbaro e cruel atentado que vitimou o saudoso e prestigioso Presidente Sr. Dr. Sidónio Pais, por si, e por ser o último atentado, duma longa série de actos de violência, de desordem, de intrigas, de revoluções e anarquia praticados pela demagogia, fez vibrar intensamente a alma nacional, alanceada e dominada pelo sentimento da mais profunda dor, amargura, indignaçcão e vergonha. Que admira, pois, Sr. Presidente, que o exército português, que é constituído por filhos de Portugal e não por mercenários estrangeiros, os quais pudessem assistir impassíveis e indiferentes às desditas desta Pátria, se deixasse envolver e arrastar pelo turbilhão do dor, que subjugava todo o país? (Apoiados).

Que admira que em tais circunstâncias pretendesse, exigisse ou reclamasse a formação de um Govêrno forte e homogéneo que pudesse sustar com mão de ferro a queda da Pátria na voragem e no abismo?

Eis a origem e as razões do movimento militar.

Paralelamente, defronta vá-se com ele o Govêrno de então, dominado por um sentimento próprio da sua especial situação, o qual, apoiado tambêm por elementos militares e cercado duma opinião adversa e hostil para com as Jantas, entendia que os princípios de decoro e dignidade governativa lhe não permitiam, a menor transigência com elas.

E desta situação resultou que as partes 3m litígio, dominadas ambas pelos mais nobres sentimentos, permitiram que o con-