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Sessão de 27 de Abril de 1921

A segunda pregunta é se é verdadeira uma notícia publicada nos jornais acerca duma junta secreta que determinou a expulsão dos monárquicos, no prazo de 48 horas, sob pena de serem corridos no país, de vários modos.

Mais nada.

O Sr. Presidente do Ministério, Ministro do Interior e interino da Agricultura

(Bernardino Machado): — Sr. Presidente: a questão de Tânger está pendente. Compreende por isso o ilustre Senador que eu devo entregar-me à mais completa reserva sobre o assunto.

Mas aproveito a ocasião para dizer a S. Ex.a, em primeiro lugar, que o incidente não nos deve alvoroçar. Incidentes de tal ordem ocorrem até nas nossas águas. Portanto, embora estranhemos o caso,- ele não é para nos alvoroçarmos, como se se tratasse dum desses casos que realmente, agitam a Qpinião pública.

Há bastante tempo que eu conheço este assunto, porquo tenho sempre votado uma grande atenção às nossas relações com Marrocos. Desde a implantação da Ee-pública que eu tenho procurado fazer voltar os nossos olhos para aquele Algarve de além mar. E trouxe isto a pró--pósito, porque entendo que se impõe o dever de nos interessarmos pelo que se passa naquela região.

Infelizmente, nos últimos anos da monarquia, parece que houve só um homem, aliás de grande autoridade, que se ocupou das nossas relações com Marrocos, que foi o Sr. Carlos Testa, ilustre professor, que muitas vezes levantou essa bandeira das nossas relações com Marrocos.

Como o Senado sabe, do problema de Marrocos tem dependido já por várias vezes a paz do mundo, e nós nessas questões temos tido sempre um papel apagado, ou antes, não temos tido nenhum. Pois é preciso lembrar que ainda há influência e prestígio de Portugal naquela região, para que nos não desinteressemos dela.

Depois que veio a República criou-se em Casa Branca um Consulado, mostrando assim que nós não podíamos de maneira nenhuma desinteressar-nos do problema marroquino.

Todo o Senado conhece o desenvolvi-

mento que tem tomado Casa Branca, sendo justo, portanto, que lhe devotemos a nossa atenção e mantenhamos ali a nossa antiga influência.

Agora está-se tratando de1 resolver o incidente havido com as armações de pesca, e tenho toda a esperança de que há-áe ser liquidado equitativamente, por isso que estamos em boas relações com a Kspgnha e os nossos interesses estão ligados aos interesses franceses.

O Sr. Senador falou depois de outro assunto.

De facto, como é que se podo acreditar que alguém venha por ahi de lança em riste defender a República, como se a República não tivesse Governo. (Apoiados).

Nós, republicanos, por isso mesmo que o somos, não devemos viver sem a opinião pública; mais, nós sentimos bem a necessidade de que o sentimento republicano vibre em todas as almas.

Eu sei que muitas vezes os exaltados são os que nos lances do perigo mais denodadamente lutam e se sacrificam pela República. Devemos ter por eles o sentimento de reconhecimento, por essa exaltação republicana, mas temos de lhes dizer que há Governo, que há poderes constituídos, e que nós contamos com eles como os voluntários da República.

O público tem o direito de representar aos poderes públicos. Tem efectivamente esse direito, tratando-se demais a mais de republicanos dedicados, de vir junto desses poderes, porque ás nossas portas estão abertas para todos, mas estão sobretudo abertasN de par em par àqueles que são nossos companheiros nas lutas pela República.

Mas eles têm obrigação de confiar nesses poderes e nas auctoridades, se não passaríamos à anarquia, e isso não é República. Pois então para que é que se fez a República? Fez-se para haver uni Governo Republicano.

Por consequência devem estar todos em volta do Governo (Apoiados).

Jii preciso que eles dêem força ao Governo e de maneira nenhuma criem perturbações. Já bastam as que os agitadores inimigos da República todos os dias nos criam.