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Diário das Sessões ao Senado

Ministério das Colónias o projecto de obras do Sr. Hugo de Lacerda!... Essas obras, como eu já disse, deveriam ser execatadas em local puramente português, sobre o qual não havia, nem nunca houve, contestação eu litígio!...

Pois nem mesmo assim, conforme o declarou esse Ministro, a China consentiria que as obras fossem feitas antes da delimitação 1. „.

O qn.e prova, Sr. Presidente, cue a opinião de Pequim ó absolutamente desfavorável a que se aprove o acordo na p arte em que ele poderá de qualquer maneira representar alguma vantagem para Macau.

• E tinha de ser assim, desde que o governo de Macau se meteu a negociar um acordo cora um governo revolucionário.

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A sua repulsa pela gente de Cantão não poderia deixar-nos supor que o novo acordo fosse mais feliz que o anterior. No emtaiito, e apesar disto, insistiu-se, negociou-se e contratou-se.

-É uma questão arrumada; mas ... Sr. Presidente, eu não quero chamar a isto inconsciência, porque tenho o maior ros-peito .pelas intenções dos que andaram envolvidos nestes casos, mas sou forçado a narrar este facto à Câmara para que ela o, aprecie e o julgue no sou são critério. E q ao, Sr. Presidente, nesse momento em qu.e se negociou o acordo com Cantão, existia nessa província um estado de guerra, sendo as forças que pretendiam derrubar o governo capitaneadas e dirigidas, nem mais nem menos, que por Sun-Yat--Sen, que foi o fundador e o primeiro presidente da 'Bepública Chinesa, e que outrora manifestou grande amizade e simpatia por Portugal. •

Sun-Yat-Sen ó uma das mais altas men-talidades do seu país e uma das figuras chinesas mais populares, prestigiosas e respeitadas. Tinha, como eu disse, grande simpatia pelo nosso país porque, foragido, encontrou refúgio em Macau, onde, segundo me disseram, o governador de então o recebeu cotn todas as honras.

Combatia o ilustre caudilho à frente de tropas cantonenses contra a gente que dc-

minava^nas províncias do sul da China e que, por ser do Quang-si —província limítrofe de Cantão— não tinha aqui a mais pequena simpatia.

Para Macau isto era, no emtanto, questão secundária, visto que o nosso Governo teimou, apesar de tudo, em negociar o tam celebrado contrato. E o resultado foi que, quinze dias depois de assinado, o governo de Cantão era derrubado I... Hoje governa em Cantão, onde foi recebido como libertador, Sun-Yat-Sen. £ Nosso amigo? É de crer que não; e por isto:

Durante o estado de guerra, emquanto se efectivavam as negociações, sucedeu que dois torpedeiros chineses que seguiam a política dos revolucionários procuraram refúgio em Macau.

É procedimento vulgaríssimo nas muitas revoluções que tem atormentado o sul da China.

Apenas desta vez houve a variante de que o governo da colónia no intuito, talvez, de ser agradável à gente do Cantão — para dela colher um bom acordo.— houve por bem aprezá-los ...

E, Sr. Presidente, os factos vieram demonstrar que foi extraordinariamente im-político esse procedimento do governo do Macau; impolítico e de consequências funestas.

Como os barcos não obedeceram e um deles pretendeu sair de Macau, foi perseguido a tiro até fora da barra; e encontrando um destroyer chinês contrário, metido entre dois fogos atirou-se para cima de Coloan3.

j Aí, foram-lhe mortos onze homens e feridos muitos outros, talvez porque a guarnição da ilha pensasse que se tratasse de algum assalto de piratas! Uma cousa medonha.

Afirma-se que Sun-Yat-Son, ao ter disto conhecimento, se mostrou extraordinariamente agastado contra o nosso país e, em especial contra o Governo de Macau. E uma situação que a ser exacta, me cumpre registar perante esta Câmara.