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Sessão de 29 de Abril de 1921

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cípio que andava na ordem do dia. Ninguém pensava então de outra fornia, sob o risco de se passar por mau patriota... ou traidor.

A este propósito eu lembrarei, Sr. Presidente, o grande patriota que se chamou Marques Pereira e que, em 1901, em jornais e em revistas, fez uma propaganda activa em favor dos nossos direitos, impedindo que José de Azevedo negociasse com a China um tratado em bases que nos trariam evidentes prejuízos.

Chamaram-lhe o Dr. Patacoadas, porque o seu espírito era dominado por uma paixão que não ocultava: a do engrandecimento de Macau por expansão territorial.

Facto semelhante se deu com outro patriota insigne a quem deram o epíteto de Dr. Maravilhas e que em vida se chamou o Dr. Nascimento. Este homem que tanto pugnou pelos planaltos de Angola se hoje fosse vivo, teria a alegria dê ver que o sen estudo e os seus sacrifícios eram, em-fim, compreendidos e apreciados pelos que vêem na prosperidade dessa grande colónia a salvação da nossa Pátria.

Mas é este o nosso feitio, o de tratar rudemente e de crivar de ironias os que combatem por ideais generosos e patrióticos, ideais que, não obstante, ficam.

Ficaram os de Nascimento e hão-de ficar os de Marques Pereira, para honra nossa.

A delimitação há-de fazer-se... quando houver oportunidade. E já perdemos algumas.

Em 18()0, depois da guerra da França e da Inglaterra contra a China, poderíamos, como as outras nações, obter um tratado com o Império Chinês.

Mas, velhos carabineiros de Ofienbach, só tarde, em 1862, aparecemos a pedir a nossa parte de cordeiro. E, meus senhores, resultou desta demora que sofremos o vexame de, tendo negociado um tratado com a China, vermos que o tal tratado, depois de ratificado por Portugal, j foi recusada a assinatura chinesa!

j A China já então cantava de papo! Em 1887, sendo necessária a nossa cooperação para a repressão do contrabando do ópio, cooperação esta que era indispensável à Inglaterra, entrámos em negociações de um tratado. E, apesar da força enorme de que dis-

púnhamos, visto termos a Inglaterra interessada no nosso procedimento, deixá-mo-nos emaranhar na diplomacia chinesa e conseguimos apenas que nos reconhecessem o domínio sobre Macau e suas dependências. , Foi alguma cousa, mas muito pouco.

Macau tem umas poucas de ilhas em volta; e sobre o que fossem as dependências, nada se disse; ficou tudo por definir.

Por proposta da China, com que nos conformámos, a delimitação ficou para mais tarde.

Está ainda por fazer.

Em 1899, depois da guerra sino-japo-nesa, as nações da Europa que acudiram a contrabalançar a influência do Japão vitorioso, exigiram vastas compensações territoriais. E, assim, a Inglaterra exigem Wei-hai-wei e Kau-lun, a Escóssia Porto Artur e Ta-lien-Uan, a França Kuan-tcháo-van e a Alemanha Kiáo-tcháo.

Só Portugal, que não tinha que pedir senão que lhe dessem o que lhe pertencia, é que se absteve de intervir...

; Houve quem entendesse, entre nós, por uma questão sentimental, que as nações que não tinham entrado na guerra, não deviam exigir concessões de territórios! E o que é verdade, é que, por esse espírito de sentimentalismo impenitente, deixámos ainda por resolver a questão da delimitação.

Em 1901, depois da sublevação dos boxers, em que foram assassinados muitos europeus, tendo sido muitos portugueses prejudicados nos seus interesses e fazendas, a China foi obrigada a pagar às potências uma indemnização de 450 milhões de taéis.

Pois ainda nessa ocasião, Portugal, em vez de mandar um corpo expedicionário, limitou-se a enviar uma insignificante força que permaneceu em Macau.

Sobre delimitação, nada!...

E no emtanto, nessa altura, o nosso concurso era indispensável à China e à Inglaterra, porque havia necessidade de alterar as tarifas alfandegárias que, como nação mais favorecida, nos haviam sido concedidas pelo Tratado de 1887.

Deixámos que se modificassem e, em troca, em vez da delimitação, só obtivemos j... um caminho de ferro, no papel!...