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Sessão de 29 de Abril de 1921

de assalto por grande número de chinas, segundo dizem, uns 4:000 a 5:000 homens.

É bom dizer-se que para a China fácil é reunir 4:000 ou 5:000 homens, a quem dá o pomposo nome de soldados; mas, Sr. Presidente, quem, como eu, conhece o que eles valem, pela longa permanência que tenho tido na colónia, poderá compreender o perigo que de facto representa tal ameaça; são soldados, mas uns andam descalços, outros de sandálias, marchando sempre com grande ruído de cornetas e abundância de bandeiras e, se parece que andam armados até os dentes, o que é facto é que só alguns têm munições.

Não é gente, pelo menos por ora. para temer, principalmente quando a nossa consciência nos diga que temos razão.

E as canhoneiras, toda a gente que por lá tem andado sabe o que valem as célebres lanchas chinesas.

Macau, apezar de estar mal guarnecida— e a culpa tem sido de quem tem dispensado os soldados — não tinha motivos para ter um grande receio.

No emtanto trabalharam as chancelarias e apesar do governador ter feito uma parada de forças, tal e qual como Horta e Costa fizera em 1900, depois da sublevação dos boxers, e de ter, segundo me informam, aberto trincheiras junto às Portas do Cerco, dizendo-se mesmo que afirmara que as obras do porto nunca parariam, o que é verdade é que o Governo entendeu dever entregar o assunto à mediação da Inglaterra.

E para este facto que eu preciso chamar a atenção de V. Ex.as, porque tendo nós intervindo na guerra, prestando nela — e com o maior sacrifício—todo o nosso auxílio, o nosso mais desinteressado concurso aos aliados, e ao mesmo tempo um apoio leal e valioso à nossa alliada, natural seria que, num momento que foi reputado critico, tirásssemos as vantagens que por esses sacrifícios nos eram devidas. ;Mas nada disto se deu, infelizmente!... Tendo sido entregue a resolução deste assunto à mediação do cônsul inglês em Cantão, a sua deliberação foi... que cedêssemos !

E... cedemos!.. .•

Esta questão não é suficientemente conhecida no nosso país, e por isso não me canso de pedir a atenção de V. Ex*a8

Existe desde 1890 um acordo com o governo de Cantão, pelo qual se reconheceu como pertencendo à jurisdição de Portugal uma certa faixa das águas do Porto Interior, limitada ao norte pelo paralelo médio entre Apó-Siac e a Ilha Verde.'

Esse acordo, que foi sempre respeitado pelos chineses, e que só deixou de o ser nesse momento, permitiu que se pudesse delinear um plano de obras do porto, em que um dos números mais interessantes era precisamente o de se aumentar a área de Macau por um largo aterro ao norte da Ilha Verde, na zona marítima que enfrenta com Shin-San: Ao chegar-se à efectivação desse plano não agradou ele aos chineses de Cantão, e dal as ameaças. Mas, desde que havia um acordo, não tinham os chineses remédio senão respeitar as suas disposições, não impedindo que as obras se fizessem. Um acordo, como um tratado, obriga as duas partes. ' E se uma delas falta ao seu compromisso, a outra tem o direito de a chamar à ordem.

Para que nos fosse confirmado esse direito ó que, certamente, pedimos a mediação da Inglaterra, e foi para isso que, em certas chancelarias, se fez tanta troca de notas... Com respeito à China, suponho que tais notas deveriam ser de Pekin e não de Cantão, que era um governo revolucionário... Mas, com mediações ou sem elas, com paradas ou não, o que é verdade é que cedemos.

Em artigo de fundo do jornal O Liberal fala-se de maneira que atesta bem o levantado estado de espírito dos cidadãos da colónia,o seu espírito de patriotismo, cheio de dignidade e de resolução.

E por aí se vê que a atmosfera de Macau era tudo quanto há de mais desfavorável a que o Governo de Macau cedesse às imposições da China, apesar dos conselhos da Inglaterra. E tinha de ser assim, tratando-se do povo que foi livre durante os sessenta anos do capti-veiro espanhol e que, com Nicolau de Mesquita," repeliu o ataque dos chins às Portas do Cerco.

No emtanto... cedemos I...