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Diário das Sessões do Senado

um concurso de provas públicas, concurso presidido por um homem eminente, que iiá pouco faleceu, o professor da Universidade de Coimbra, Sr. Alves dos Santos; iodos os outros não tinham as habilitações qae eu apresentei.

Cometi essa leviandade de sujeitar-me ti um concurso público há 24 anos para inspector primário; agora tenho orgulhe no exercício do magistério, porque tenho louvores, eu que sempre fui republicano,

Tenho já perto de 30 anos de professor do ensino primário, e se S. Ex.af! se euiserem dar ao trabalho de saber qual tem sido a forma- por que tenho exercido o magistério nas diferentes localidades, as conclusões a que chegam são bastante .honrosas para mim.

E como chefe de repartição ninguém lem trabalhado mais intensamente do que eu.

Os diversos Ministros mais de uma vez me quiseram louvar, mas pedi sempre que G não fizessem, porque dentro da República quem cumpre o seu dever nada mais deve esperar do que a satisfação com a «ua consciência.

Termino, pedindo ao Sr. Ministro a sua próxima comparência o mais breve que -seja possível, porque desejo tratar mais concretamente das escolas primárias superiores.

O orador não reviu.

*

•O Sr. Ministro da Instrução Pública

(António Sérgio): — Sr. Presidente: em volta deste caso das escolas primárias superiores debatem-se muitas paixões e muitos interesses, como aliás é natural.

Um dos meus secretários deu-me a notícia do papel a que se referiu p digno Senador, e que, a avaliar pelo que me âisseram, é uina espécie de caricatura do que se passou. Há a caricatura em dese-3iho, e há a caricatura em palavras. O

referido papel é uma caricatura em palavra escrita.

Encontrava-me no meu gabinete, a discutir um orçamento de obras que projectava, com um representante da construção civil, quando ouvi fora borborinho, onde percebi unicamente alguns vivas à República.

Disse ao meu chefe de gabinete que fosse ver do que se tratava, e continuei a discussão do orçamento; quando voltou o chefe de gabinete, informou-me de que tinha havido um mal-en tendido entre uma comissão de professores, que me queriam faiar e um dos meus secretários, tendo-lhes o chefe de gabinete marcado uma entrevista comigo na manhã seguinte.

Com efeito, nesse seguinte dia falaram--me os professores, e protestaram contra a supressão das escolas, argumentando com a existência de várias outras irregu-laridades no Ministério da Instru.ção, ao que respondi que estava disposto a atacar todos os abusos cuja existência viesse ao meu conhecimento.

E, com efeito, tratei imediatamente de nomear uma comissão que averiguasse desses casos anormais.

Mostrou-me a experiência que em lugar de destruir os abusos um a um (o que dá sempre ocasião a dizer-se, ou poder dizer-se, que se faz justiça parcial), seria melhor nomear uma comissão que de todos eles fizesse estudo, permitindo ao Ministro atacar de uma vez todas as imoralidades, legais ou ilegais, que nos serviços se foram introduzindo. Entendi, porém, que devia começar desde já pelas relativas ao pessoal superior do Ministério, e redigi por isso uma proposta de lei que revoga o artigo 30.° e seu parágrafo único do regulamento do Ministério da Instrução Pública, a qual vou entregar ao ^Parlamento.

Trata-se, como disse., do pessoal superior do Ministério, e acho que se pode começar por aí, sem esperar pelo trabalho da comissão.