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Cessão de 10 de Fevereiro de 1924

prudência e do bom senso que todo o jornalista é obrigado a ter, pois que ele deve ser o primeiro a saber que uma vez a capital alarmada, não se pode viver com tranquilidade.

Faz-se, como é sabido, uma grande propaganda a favor da ditadura. Considero, hoje, como sempre considerei desde que eduquei o meu espírito nos princípios liberais, que a ditadura é um crime, representa .uma violência > e uma opressão, em que um homem só, ou um conjunto, se propõe governar o País.

Ora as sociedades humanas devem governar-se segundo a sua própria constituição.

Já na dias o,ilustre Senador Sr. D. Tomás de Vilhena versou o assunto com a proficiência própria da sua inteligência e do seu saber, demonstrando que a ditadura só se justifica em países duma civilização muito atrasada, como em outras épocas se deu em Koma.

Entre nós, uma ditadura só nos pode conduzir para a beira do precipício ou para o crime.

Pelos exemplos do passado, a ditadura ou termina com um atentado, pessoal ou com uma revolução.

O Sr. Presidente (agitando a campainha} : — Devo prevenir V. Ex.a de que apenas tem mais três minutos para terminar o seu discurso.

O Orador: — Perfeitamente, Sr. Presidente.

Pausa.

Parece-me ser agora a ocasião oportuna pára falar sobre um assunto que já aqui tratei por duas ou três vezes: o da eleição de S. Tomé.

Todas as províncias têm aqui representantes, menos S. Tomé. Não sei se no Tratado de Versalhes foi eliminada S. Tomé das províncias portuguesas.

Há um candidato preto e outro branco. Uns tomam o partido do preto e outros tomam o do branco...

O Sr. Francisco José Pereira (interrompendo} : — Tenho a honra de ser o presidente da Comissão de Verificação de Poderes e devo dizer a V. Ex.a que essa comissão tem reunido várias vezes e tratado esse assunto. Se ele ainda não está

inteiramente resolvido é porque a comissão espera informações.

O Orador: — ,;Mas V. Ex.a conhece algumas disposições regimentais que obriguem a comissão a estar à espera de documentos?

O Sr. Francisco José Pereira: — A comissão tem o dever de se rodear dos elementos necessários para bem se pronunciar.

O Orador:—Com esse fundamento nunca se resolvia questão alguma em Por-, tugal. É um péssimo precedente e não me parece que seja com tal pistemâ que se prestigia o Parlamento; pelo contrário, actos dessa natureza dão ensejo ta que se digam cousas menos convenientes acerca das duas casas do Parlamento.

O Sr. Augusto de Vasconcelos: — Associo-me ao voto do Sr. Joaquim Crisóstomo para que a questão da eleição de Senador por S. Tomé seja definitivamente resolvida.

Não se pode compreender que um círculo do País esteja sem representante quando tem evidentemente direito a tê-lo.

Se há dificuldades a comissão tem de resolvê-las.

Referiu-se também o Sr. Joaquim Crisóstomo aos boatos constantes de ditadura que se estão atribuindo, entre outras pessoas, ao meu ilustre correligionário, Sr. Cunha Leal.

Esses boatos, pelo que se referem ao meu Partido, são uma reles e miserável exploração, contra a qual eu protesto em nome da mesmo Partido e com toda a energia.

A exposição que o Sr. Cunha Leal tem feito em conferências públicas não justifica de modo algum os boatos que se estão lançando sobre o seu nome.

OEDEM DO DIA

O Sr. Presidente:—Vai passar-se à ordem do dia.