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Sessão de 26 de Fevsreiro de 1924

manifestação promovida pelo Conselho Central das Juntas de Freguesia, e na melhor.das intenções, não foi empalmada pelos elementos avançados que aproveitam todos os ensejos, como o fizeram no comício realizado há dias na Traça dos Eestauradores, para fazer a propaganda dos seus princípios dissolventes, para hastearem a bandeira da revolução c dis-truir a actual organização social e da propriedade.

Mas sejam quais forem as intenções que determinaram essa manifestação, é certo que, no fimdo, o povo tem razão, porque há já fome em muitos lares.

Os Governos, nos últimos anos, não têm correspondido ao que seria para desejar.

Assim, por exemplo, o Sr. Joaquim Ribeiro, quando o povo reclamava o tipo único de pão, estabelecia os dois tipos. Ora isto desgostou todo o povo consumidor, porque viu que ia ser ludibriado pelos padeiros e moageiros.

Mas, voltando ao assunto da manifestação, sempre quero ver a importância que o Governo lhe liga, se se conserva como até hoje absolutamente indiferente, alheado de quanto diz respeito ao gravíssimo problema da economia nacional. Espero que o povo de Lisboa não tenha de abandonar o seu trabalho para colectivamente se dirigir a esta casa da representação nacional a depor nas mãos de V. Ex.a as suas reclamações.

Se esse facto se repetir devomos ter inevitavelmente graves perturbações de ordem pública e funestíssimas scenas a lamentar.

Eu previno — embora esteja convencido de que nada valerão as minhas prevenções — o Governo e o Sr. Ministro da Agricultura em especial, das necessidades da cidade de Lisboa e torno-os responsáveis por urna perturbação de ordem que amanhã possa surgir nas ruas.

Uma outra consequência das dificuldades da vida ó a greve dos funcionários públicos. Sei que ontem se votou na Câmara dos Deputados uma moção de confiança, entregando nas mãos do Sr. Presidente do Ministério a solução da questão.

Pela parte que me diz respeito, eu não confio no Governo para solucionar este assunto. São de há poucos dias as pro-

vas reveladoras da fraqueza do Governo. Os correios e telégrafos declararam greve passiva, quo afectou altamente a vida nacional, e segundo um sistema tal que prejudicou toda a gente. Muita gente pensando quo os correios e telégrafos funcionavam, deitavam cartas e telegramas confiada no Oxito e não obstante nem umas nem outros seguiam. É isto o que se chama" uma verdadeira burla.

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Desinteresso u-se primeiro e transigiu depois. Votou-se um projecto na Câmara dos Deputados, aumentaram-se as taxas telégrafo-postais e acabou-se por dar satisfação completa.

O Sr. Aragão e Brito (interrompendo): — IssO não é exacto. Primeiro os funcionários retomaram o serviço.

O Orador: — £Mas tem um Governo que transigiu em tudo com os correios e telégrafos autoridade para solucionar o actual conflito? Não, mesmo porque a moral está toda com- os funcionários da contabilidade. .

O Senado extinguira os serões, mas a Câmara dos Deputados mantém-nos. O Parlamento legislou e o, Sr. Presidente do Ministério permitiu-se cortar um direito que o Parlamento tinha concedido.

O Sr. Júlio Ribeiro: — ,?Mas esses funcionários estão realmente em greve por causa dos serões ?

Era bom saber-se isso.

. O Orador: — E o que se afirma, pelo menos.

A greve provém, pois, dum acto do Governo. Os serões são imorais, devem acabar, tanto mais que eu sei que há funcionários que não vão lá e recebem. Mas emquanto houver uma lei que os permita deve ela cnmprir-se.

Portanto, não é com actos de violência, nem de energia desta natureza, que o Poder se prestigia e que o Governo com-balidíssimo, porque já. caiu a única escora que o sustentava, que era o Ministro da Guerra, há-de sústentar-se nas cadeiras do Poder.