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Diário das Sessões do Seriado

vo, como mandatário do Poder Legislati-vor não pode conceder esses 20.000z§, mas não querendo conformar-se com a miséria do Tesouro Público, impõe ao Sr. Ministro da Marinha que os 20.0006, uma vez .quis não podem ser -para ele, sejam distribuídos pelo ^^ftsoal da aviação marítima. '

Suponha V. Ex.a, Sr. Presidente, que amanhã outros aviadores faziam o raia em 168 horas, tempo marcado na proposta para ter direito ao prémio.

^Como é que o Sr. Ministro da Marinha e o Parlamento podiam concedei1 esse prémio ?

^Oa não seria possível fazer esse raid em 168 horas?

Julgo que sim, porque o Sr. Ministro da Meirinha de então, Sr. Azevedo Couti-nho, não teria apresentado a sua proposta sem ter prèviamento consultado os técnicos.

(i Portanto com que direito é quo nós havemos do ir distribuir esses 20.000í> pelo pessoal que coadjuvou o raid?

& Não será melhor conservar esse prémio, porque pode suceder haver algum aviador que a ele tenha direito?

De resto, nem o pessoal da aviação marítima está à espera de uma propina de 20.000íS, nem o Parlamento está na disposição de lha conceder.

O Sr. Machado Serpa : — Sr. Presidente : não sou homem rico, e muito menos novo rico, porque já .sou velho, mas penso, que não ando muito longe da verdade afirmando que, sé atendermos à depreciação da moeda, o prémio de 20.000$ não vai além de 700£ da antiga moeda.

O Sr. Ribeiro de Melo:—Mas são 20.000$ Eu antes queria agora os 20.000*5 do quo antigamente os 700?$.

O Orador:—Ein 1919, o Governo, como incitamento e estímulo aos aviadores que pretendiam fazer a travessia aérea de Lisboa ao Rio de Janeiro e vice-versa. arbitrou, por um decreto, o prémio de 20.0000 a fim de ser concedido ao aviador ou aviadores que realizassem esse raid dentro de 168 horas.

Tentaram-no e realizaram-no os já hoje gloriosos aviadores Srs. almirante Gago Coutinho e comandante Sacadura Cabral.

Parece porém que não o realizaram dentro do prazo fixado no decreto, razão por que não têm, em rigor, direito a havê-lo.

Então os ilustres aviadores dirigiram--se ao Sr. Ministro da Marinha expondo a maneira como tinham sido ajudados nessa gloriosa tentativa de aviação marí-. tima, o não tendo esse pessoal recebido a menor recompensa.

O Sr. Ribeiro de Melo (interrompendo):— Nem tinha direito a ela.

O Orador: — Eles submeteram ao critério sensato do Ministro que a distribuição dos vinte contos fosse feita pelo pessoal da aviação marítima.

Si'. Presidente: abre,-se um prémio, quási mesquinho, para. uns tantos sargentos e aqui levanta-se um protesto para o desprestigiar, no sentido de que os aviadores não têm direito a ôsse prémio.

O Sr. Presidente: — São horas de se entrar na ordem do dia.

O Orador: —Eu, que tenho aqui votado tantas subvenções, tantos custos de vida, tantas gratificações, não me considero com autoridade para negar o meu voto a este projecto.

O Sr. Presidente:—V. Ex.a escusa de estar tam indignado; eu tenho de cumprir o Regimento. V. Ex.a ou fica com a-palavra reservada ou então a Câmara delibera se pode continuar no uso da palavra.

Vozes: — Fale, fale!

O Sr. Presidente: — Em vista' da manifestação da Câmara pode V. Ex.a continuar no uso da palavra.

O Orador:—Agradeço à Câmara o ter-me permitido continuar no uso da palavra.