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Sessão.dê 8 de Abril de 19241

quadros oficiais são .considerados arqui-tetos ou engenheiros de construção civil».

Sei que existe esta espécie e não impede a existência de pessoas, tendo dado muito boas provas, sem. terem o curso completo de arquitectura. A não ser _os que o fizeram no estrangeiro, só há os arquitectos com o curso imperfeito. da escola anexa à Academia de Belas Artes, alguns hoje funcionários da Câmara Municipal, e na sua arte não ficam a dever nada aos arquitectos especializados e di-, plomados por escolas estrangeiras.

Mas seguindo.

O parágrafo a que me refiro pretende estabelecer doutrina que não sei o que seja. Para mim um engenheiro é um engenheiro com o seu curso completo, e os diplomados pelas nossas estiolas de engenharia nunca deixaram a desejar a par dos dasv escolas-similares do estrangeiro. E mesmo alguns que julgam não ser suficiente esse curso acabam por o ir completar ao estrangeiro.'

Na Escola.das Belas Artes não há cadeira alguma para o estudo de materiais, nem de estereòtomiá, e há trabalhos, lá fora nestas classes, muito interessantes, que podem ser assimilados por qualquer pessoa estudiosa. - •

Esta redacção, no meu entender, é imprecisa, incompleta e insuficiente.

Engenheiros incompletos não sei o que sejam. • •

Sobre o que' disse a respeito da dife-_ renciação entre • engenheiros o arquitectos permito-me frisar bem com um exemplo o 'facto de não compreender facilmente esta designação.

Se, por exemplo, o notável engenheiro francês, de reputação mundial, falecido há' pouco em França, Eiflfel, .quisesse mandar fazer um palácio, convidava certamente um arquitecto capaz para pôr em-execução o seu desejo.

Um arquitecto que se lembrasse de mandar construir um arco fora dos tipos correntes com toda a certeza consultava um engenheiro. . •

E há problemas interessantíssimos nesta matéria, como, por exemplo, desenformar um arco — o Sr. Herculano Galhardo, professor distintíssimo duma escola de en-* genharia que conhetíe perfeitamente va-.riados processos, .talvez ainda não tenha -

notícia do processo usado há pouco em França,- com .que se fez um destes trabalhos duma forma extremamente curiosa, delicada e original.

f Tratava-se de desenformar as daas ner-vuras de um grande arco de cerca de 90 metros e de muito pequena flecha, feita de betom de cimento, .única parte construída da. ponte em execução, ainda apoiada nas formas que era .conveniente demolir e serviriam para o complemento de tabuleiros, desembaraçando-se o rio com rapidez.

O arco foi desenformado, reforçando-se os encontros dos fechos de cada nervura com umas placas de cimento armado muito sólidas e resistentes, com armaduras complicadas, e levantado por meio de moitões hidráulicos que o obrigaram a subir alguns centímetros, libertando com-pletamente as formas. , Não sei se S. Ex.a teve conhecimento deste processo, na verdade interessante, e tanto assim que voltei à questão para mostrar mais uma vez a diferença de aptidões entre' engenheiros e arquitectos,. Uns especialmente tratam de resistência, cálculo e "ordenamento dos "trabalhos especiais. •

Outros estudarão disposições externas e internas,' aperfeiçoando pormenores, sem descurar a estética da traça geral, tratando da* comodidade dos habitantes na disposição de portas, escadas e outras cousas-que na construção de Lisboa são, como já tive ocasião de dizer, deficientes. / Entendo que este §'1.° precisa duma remodelação completa, e que melhor seria exigir nos projectos de construção nova a colaboração das duas profissões.

O Sr. Carlos Costa: — Sr. Presidente: não ignora a Câmara que uma das razões porque esta lei foi apresentada foi para impedir que os construtores de gaiolas fizessem casas-.com a maior facilidade, sem aquela solidez que é necessário; mas o, que ó certo é que neste projecto de lei esqueceu-se "que esses construtores já estenderam o seu raio de acção aos arredores: foram para. a. linha de Cascais, estando já. a construir-se gaiolas no Es-. torU,'Parede e outras localidades.