O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

SessOo de 29 de Ab)il de 1924

21

eram suficientes; agora, quando entrarmos numa política mais .larga garanto a V.- Ex.a que no meio de 40 máquinas que mandarmos vir, 20 pelo menos não prestam para nada.

Há pouco tempo, em Inglaterra, estavam sendo fabricadas caldeiras para Portugal; na ocasião de estarem prontas o delegado português foi vê-las e recusou-as todas porque não estavam em condições, e contudo se lá fosse um engenheiro novato, naturalmente achava-as muito bem acabadas e mandava-as vir como muito boas.

Sr. Presidente: a esta parte do meu discurso ninguém se referiu a não ser o Sr. Ministro das Colónias, e isto por atenção por mim, exclamando:

«Disse o Sr. Galhardo que este material se inutiliza rapidamente. Assim ó».

E passou adiante.

Não basta isso, o «assim é» é uma cousa muito- grave.

Se nós dentro de 10 ou lõ anos preci-. .sarnios de substituir o material, temos l õ anos para a amortização, não podemos ter 40.

Quem trouxe o projecto à Câmara foi o Ministro1, mas eu faço justiça a todos : os Ministros trazem em regra —isto sem falta de respeito por nenhum— trazem à Câmara aquilo, que as repartições técnicas lhes indicam, e mal deles se não as trouxessem.

O Sr. Azevedo Coutmho: — Quem trouxe esse projecto foi o Sr. Vicente Ferreira.

0 Orador : —O Sr. Vicente Ferreira é um dos engenheiros mais distintos do País, professor de duas escolas técnicas, pessoa de larga experiência; mas o que S. Ex.a não. é capaz é ser Ministro para tudo o que ó preciso, e portanto o Ministro tem necessariamente de trabalhar com as suas repartições técnicas, e se o Sr. Vicente Ferreira —eu tenho muita pena de estar aqui a citar nomes mas foi V. Ex.a que com o seu aparte inoportuno me levou a isso - se o Sr. Vicente Ferreira, o Ministro das Colónias que apresentou este projecto, o elaborasse, se fosse o economista a elaborar isto, não veríamos aqui

uma amortização de 40 anos, que convém muito bem a um homem de negócios, mas não ao Ministro e hon?em de Estado.

E não admira porque para além de 40 anos a variação da anuidade é muito insignificante, o que se pode verificar fazendo o cálculo como eu já fiz.

Um homem de negócios que fixa 50 anos para amortização, fá-lo por um excesso ou porque conta com a absoluta incapacidade das pessoas com quem trata, porque senão nem se atrevia a falar nisso.

O Sr.-Ribeiro de Melo: — É uma questão de máximos.

O Orador: — Nós não estamos aqui para adoptar máximos, o que temos é de votar com cautela.

Temos um projecto que convém a gente de negócios, não convindo aos interesses do Estado.

Muitos apoiados.

Se fosse um homem de negócios que f apresentasse este projecto, estava bein, mas um homem de Estado que dá um prazo de amortização de quarenta anos, quando o material empregado exige que se faça a sua substituição ao fim de quinze, ou vinte anos o máximo, não está bem.

Uma cousa é competência comercial, outra cousa é competência de homem de Estado.

Assim é que eu pretendo falar claro.

Fala-se -aqui nas garantias do Conselho Legislativo e outros poderes constituídos.

Por vogais eleitos e por vogais funcionários.

Se assim é, permitam-me "V. Ex.as que eu, abstraindo de pessoas, porque sou um Senador neste momento'e' tenho que pautar a minha maneira de votar pelas minhas responsabilidades, pêrmitam-me V. Ex.as que eu faça o seguinte raciocínio:

{Sendo o Conselho Administrativo composto de funcionários, se o funcionário não convém marcha para a metrópole! •

O Sr. Ministro das Colónias:—Não há

possibilidade de isso se dar, a não ser por um acto atrabiliário.