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Diário das Sessões do Senado

Nós falamos de bons e de maus republicanos; mas não há nenhum oficial qae afirme a qualidade do monárquico som ser imediatamente punido, nem nenhum a .invocou ainda, nem nenhum procedeu de maneira diferente.

Pode ser que o oficial agora atingido pelo ilustre Senador seja um excelente republicano, mas o que eu tenho de julgar, pelos documentos que estão na minha posse, ó de que é um mau oficial.

V-. Ex.a tem as suas informações particulares e eu tenho "as oficiais.

V. Ex.a certamente não sabe que esse oficial, tendo pegado numa carta particular dirigida a esse médico, não só a leu, como ainda veio cá para fora comunicar o seu conteúdo a outros indivíduos, o qae não é nada loavável. Esta é que ó a verdade.

Trocam-se apartes entre o orador e o Sr. Procópio de Freitas.

O Orador (continuando'):—Eu só tenho que fazer referência .ao resultado do inquérito e nada mais. E esta £. minha posição de Ministro da Guerra.

Este eficial, portanto, foi punido por ter usado do uma carta particular que era cingida ao médico e de a conservar em seu .poder indevidamente. E deixe-me dizer a V. Ex.a que, se estivesse na minha alçada a aplicação da pena para semelhante delito, ela" não seria apenas a do cinco dias de prisão disciplinar.

Mas este oficial, em 26 do mesmo mês, foi punido ^coin cinco dias de prisão- em resultado de averiguações a que procedeu o Sr. coronel Sampaio, oficial este que não dependia directamente do general comandante da divisão.

Este capitão é tam vezeiro nesta história de fazer acusações a superiores e de se exceder em linguagem que não esteve core grandes cerimónias e, sem que cpnhecesse pessoalmente o chefe da Repartição do Gabinete do Ministério da Guerra, dirigiu-lhe uma carta—que não é particular como V. Ex.a compreende, mas é exclusivamente sobro assuntos de serviço — na qual faz acusações ao comandante do regimento de infantaria 14 o ao general comandante da divisão, iu-fringindo assim, gravemente, as disposições do regulamento disciplinar.

Ora veja V. Ex.a a noção que este oficial tem dos seus deveres.

Aludiu V. Ex.a aqui a um facto sado em França com o coronel que actualmente comanda o regimento de infantaria 14. Eu o que posso dizer é que visito Viseu algumas vezes e que ainda não vi senão que esse coronel é uma pessoa bem estimada naquela cidade.

É certo que esse oficial foi punido durante a guerra; mas é certo também que esse oficial teve uma, punição muito pequena, num local onde as penas eram severas, como V. Ex.a sabe; e é certo também que este oficial, como comandante de tropas lá, mereceu sempre elogios da parto dos seus superiores. Isto é que é verdade.

De resto, sobre o facto de V. Ex.a dizer cue o major é monárquico e o alferes é republicano, eu só tenho que saber se os oficiais são bons oficiais ou maus oficiais, se cumprem ou não com os seus deveres, e aplicar a todos aqueles que não cumprirem severas sanções, mas a todos por igual, conforme o determinam as leis e os regulamentos.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr., Procópio de Freitas:— Sr. Presidente : infelizmente mais uma vez se confirma a idea, que de há muito eu tenho, de que os Ministros quando tomam conta das suas pastas ficam inebriados com aquela atmosfera de incenso que os rodeia, e que, emquanto se não acabar com aquela muralha que só estabelece à sua volta, as suas ideas hão-de ser sempre as que lá predominarem.

O Sr. Ministro da Guerra (Américo Olavo): — Não ó questão de muralhei, mas de disciplina. ' E acho espantoso que V. Ex.a, sendo, como é, um distinto oficial superior da nossa armada, entenda que os actos deste capitão são a cousa mais natural deste mundo.

O Orador : — Ninguém é mais disciplinado do que eu, mas entendo que a disciplina não se impõe somente pela força dos galões, mas principalmente pela força moral.