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Sessão de 20 de Maio de 1924

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cede quanto aos Caminhos de Ferro; uma autonomia a mais completa, em que os vogais do Conselho de Administração resolvem como entendem e querem, levando somente à chancela do Ministro do Comércio aqueles documentos não atingidos pelo Begulamento.

Pela pasta da Justiça a mesma cousa.

Ainda há pouco nós soubemos que o Conselho Prisional apresentava, para nomeação, ao Ministro respectivo o processo dum funcionário que tinha fuzilado o povo republicano numa das últimas eleições da^nonarquia a quo presidiu o almirante Ferreira do Amaral.

j São estos os critérios dos conselhos e dos serviços autónomos deste país!

Pelas pastas do Comércio e da Justiça já vimos o que são.

Pela pasta das Finanças' o Sr. Presidente do Ministério poderá dizer o quá por lá vai.

A Caixa Geral do Depósitos não liga a menor importância aos actos ministeriais; faz o que quere.

E com a Junta do Crédito Público, onde há funcionários que ganham dinheiro às mãos choias, porque o seu cofre de emolumentos lhes dá para isso e para muito mais, sucede outro tanto, não lhes podendo ir à mão o Sr. Presidente do Ministério, porque são serviços autónomos.

E uma República unitária gloriosamen-to proclamada em õ de Outubro de 1910 está hoje na dependência desses serviços autónomos, que outra cousa não fazem que desacreditá-la.

Esta é que é a verdade, e só se pode restabelecer a verdadeira democracia com um Governo retintamente radical.

O Sr. Procópio de Freitas:—Apoiado!

O Orador : —Não do partido de V. Ex.a, porque esse é só no nome radical.

O Sr. Procópio de Freitas:—V. Ex.a fala muito, mas vai-se conservando aí.

O Orador: — Estou no Partido Kepu-blicano Português, onde se pontifica a verdadeira democracia, e V. Ex.a está num partido.onde é sozinho.

V. Ex.a é só radical no nome; nos somos radicais nos princípios e no programa que seguimos.

Mas, como ia dizendo, uni Governo radical, constituído por republicanos' de sempre, é o único que pode substituir o do Sr. Álvaro de Castro.

Sr. Presidente: tendo o Sr. Ministro do Comércio a razão pelo seu lado, não há dúvida de que o Senado está disposto á defender os despachos do Sr. Nuno Simões, porque entende que assim pratica um acto de justiça.

Quem tivesse observado a atitude do interpelante, Sr. Ernesto Navarro, deveria ter verificado que S. Ex.a se levantou com uma irreverência que lhe não é peculiar, e porventura com altivez, contra o Sr. Ministro do Comércio, mas quando replicou ao Sr. Nuno Simões a modalidade foi completa. Em vez de ter aquele vigor no ataque, em vez de ser felino, como na primeira parte da sua interpelação, apareceu já como abalado, como querendo amparar-se a muletas.

S. Ex.a, na sua interpelação, chegou a embirrar com os três funcionários do Sr. Ministro do Comércio, chegou a dar ao ambiente pacífico desta Câmara este sopro corrosivo, e quando eu esperava que esse sopro corrosivo chegasse a produzir acusações concretas, confirmando o que se dizia que o Sr. Ministro do Comércio era sócio dum dos funcionários reintegra-pos, na exploração de lenhas ou de madeiras, tais acusações não se fizeram, nem isso se provou, nem sequer se disse.

Pois eu, que sou amigo do Sr. Ministro do Comércio, digo que se S.Exa reintegrou funcionários quo pediam justiça, tem o meu voso, mas se admitiu um funcionário que era seu sócio na exploração de lenhas e madeiras, S. Ex.a merece a maior censura.

•Eu pregunto, portanto, ao Sr. Ministro do Comércio se é verdade que S. Ex.a é sócio dum dos funcionários reintegrados na exploração de lenhas e madeiras.

O Sr. Ministro do Comércio e Comunicações (Nuno Simões) : — Diga-me V. Ex.a quem foi quo me fez essa acusação, para eu lhe chamar caluniador.