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Sessão de 20 de Maio de 1924

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por pessoa que satisfaça a pessoas que para arranjar votos vão ao Poder Executivo pedir-lhe favores e benesses como aqueles que têm reclamado a restituição dos seus lugares desses funcionários afastados por atraiçoarem o regime republicano.

Estamos fartos de assistir a este espectáculo triste e doloroso: republicano de sempre que se tenha lembrado de protestar contra a marcha dos negócios públicos e da administração do país é imediatamente, sindicado, levantam-lhe logo sus-peições, e só depois de'largo tempo por motivo de um inquérito rigoroso e por uma sindicância, essa sindicância representa como que a carta de alforria para os bons republicanos. . Desde 1912 para cá, depois que o Governo Provisório deixou o Poder para dar lugar ao primeiro Governo Constitucional, nós temos encontrado numa azáfama no Poder Executivo adversários do regime, e todos aqueles portugueses que no regime monárquico e como militantes dos Partidos que existiam jamais chegavam a ser aquilo que a sua capacidade l^e permitia, administradores do concelho, na sua maior parte.

Mas, voltaram para a Eepública, uns por meio de evolução, outros porque foram chamados a agregar-se, e que estão hoje considerados como conselheiros da República. Esses homens vieram para as instituições republicanas .e têm sido neste país, por várias vezes, Ministros de Estado, têm alcançado os melhores lugares na administração pública da República, e ainda, Sr. Presidente, conseguiram fazer o seu ninho político dentro dos serviços autónomos da República.

Ministros do Comércio, foram muitos antes e depois do Ministro do Comércio, e até hoje não me consta, Sr. Presidente, que tivesse .havido a menor íeclamação contra os muitos Ministros do Comércio tidos como trauliteiros.

Mas na pasta da Guerra, das Finanças e do Interior fizeram-se reintegrações de funcionários que deram ao regime à&trau-litânia todo o seu concurso sendo hoje considerados os mais excelentes republicanos.

Não se trouxeram à barra de discussão os actos praticados por esses Ministros que esqueceram tais agravos feitos ao regime.

Era necessário que rebentasse a bomba • antes de 2õ de Maio próximo.

Os conservadores já trazem, dentro da sua sacola, um programa de salvação da Pátria e da República destinado a restituir-lhes o crédito e acabar com as estamparias da Casa da Moeda e-do Banco de Portugal. Desaparecerá o déficit e a libra voltará ao par, com grande satisfação de toda a família portuguesa do continente, das ilhas adjacentes e das colónias.

Dentro de breves dias será derrubado o Governo da presidência do Sr. Álvaro de Castro e será posto fora do Ministério o Sr. Nuno Simões para se chamarem homens dos elixires que satisfazem aos pedidos dos altos comissários de Angola e Moçambique.

Eu direi a S. Ex.a'que o que tem conservado ó tudo quanto há de mau da obra nefasta de Sidónio Pais e da monarquia.

A bela obra do Governo Provisório não tem sido cumprida.

Declaro falida a geração de 1890 que nada fez nestes treze anos de República.

A geração de 1910 é que realmente alguma cousa fez.

Repare-se° que na administração dos caminhos de ferro estão dois directores que fazem parte dessa geração de 1910.

E necessário que o Sr. Ministro se lembre que existem esses dois republicanos que deve defender porque foram dos tempos da propaganda.

O Sr. Presidente:—S. Ex.a, como manda o Regimento, esqueceu-sa de ler a sua moção.

O Orador: — Efectivamente. É que me tinham dito que desnecessário era apresentar uma moção, visto que já havia uma e eu tinha pedido a palavra sobre ela.

Mas faço minha a' moção apresentada pelo Sr. Ernesto Navarro, e em vez de atacar defendo.

O Sr. Presidente :^-V. Ex.a pediu a palavra sobre a ordem, portanto tem de enviar para a Mesa uma moção.