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ÍHário das Sessões do Senado

É a seguinte:

A Câmara do Senado, reconhecendo que o Sr. Ministro do Comércio merece a confiança da Câmara e do País, passa à ordem do dia. — Ribeiro de Melo.

Sr. Presidente: quem for efectivamente republicano e não tiver a preocupação do mando, nem a pretensão de ser Presidente do Ministério ou de fazer parto do Poder Executivo, tenho a certeza que há-de desejar que se vote esta moção., primeiro porque o Sr. Ministro do Comércio é um republicano de sempre, e segundo porque não se esqueceu em todos os momentos como representante do Governo, junto de altas companhias e de grandes potências industriais e comerciais de nomear republicanos de sempre, que à República deram o melhor do seu esforço e energia e até deram a sua fortuna.,

Refiro-me às nomeações feitas do Dr. Pinto Lima, que faz parte do Partido Republicano Português, republicano de sempre, honrado foi e continua a ser, e esse republicano só foi lembrado para uma nomeação pelo republicano Sr. Dr. N uno Simões.

Sr. Presidente: onde começa a minha admiração pelo Sr. Dr. Nuno Simões, é porque S. Ex.a está fazendo obra repu-cana, como .obra republicana fez o Sr. Ministro da Justiça nomeando há pouco ternj)o um republicano para o lugar de ^director das cadeias civis, o que não se fez depois de 1910 porque se manteve ali um funcionário que alias era militar mas retintamente conservador, e foi preciso que houvesse um republicano cheio de energia e qualidades para fazer nomeações estruturalmente republicanas.

Sr. Presidente: S. Ex.a o Sr. Ministro do Comércio procedendo assim não quis saber se eram republicanos que traziam as algibeiras cheias de votos. O qae quis saber era se a sua alma era republi-

Isto fizeram os Srs. Dr. Nuno Simões e o Sr. Ministro da Justiça. Ainda fez mais o Sr. Nuno Simões, porque se há pessoas que se sacrificaram pela República, Piato de Lima foi um deles, que sacrificou a sua situação de estudante, a sua carreira para se integrar na propaganda de republicano.

Para os republicanos que lutaram comigo, que se expuseram e se sacrificaram na noite do 3 para 4 de Outubro de 1910 e que depois ao lado do falecido António Granjo, na segunda incursão de Paiva Couceiro, se bateram denodadamente pelas instituições republicanas, para esses vai toda a minha admiração como a qae tributo ao Sr. Nuno Simões, a quem se pretende afastar do Governo por não ser pessoa que esteja disposta a aceder aos desejos dos partidos, mas somente a fazer obra genuinamente republicana, nomeando para os lugares que vão vagando homens unicamente republicanos, mas republicanos independentes, que são os melhores.

A maior parto dos republicanos anteriores a 5 de Outubro de 1910 não estão hoje fiLados em qualquer partido organizado da República., São republicanos independentes, porque só assim eles pontificam a verdadeira religião republicana, e só assim se vêem afastados de concluios e combinações, que transformam comple-tamente o princípio democrático.

O Sr. Nuno Simões, se a injustiça não fosse tam flagrante, deveria ter estudado, pensado e até afastado dum despacho imediato a reintegração desses funcionários, porque naturalmente eles foram afastadas do serviço por terem sido trauli-íeiros.

Mas, se anteriormente a S. Ex.a outros colegas seus fizeram a mesma cousa, se o Conselho de Administração dos Caminhos de Ferro do Sul e Sueste não protestou contra esse acto ministerial ou governamental, o Sr. Nuno Simões procedeu, ern meu entender, com aquele critério de justiça peculiar à sua pesaoa.

Tratando-se duma questão de autonomia, o Sr. Ministro dó Comércio liraitou--se a usar duma chancela.

E bom não ignorar que, pela pasta do Comércio, corre a Administração Geral dos Correios e Telégrafos, que é autónoma e cujo administrador geral ó uma das pessoas mais categorizadas do meu Partido, o engenheiro Sr. António Maria da Silva, que dentro dessa faz o que quere e entende, apresentando somente ao Ministro aqueles documentos, que exigem tal apresentação em face do regulamento.