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Sessão de 18 e 20 de Junho de 1924

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que os estrangeiros fossem visitar os museus.

Nos hotéis pediam até para ir ver as riquezas que tinham nesses museus.

Entre nós não há bem esta febre de instrução, mas ó conveniente que haja; quem promova essas visitas e mostre aos nacionais e estrangeiros que Portugal, apesar de ter sido muito roubado em muitos objectos de grande valor, alguns dos quais estão nos museus de Londres, principalmente objectos de ourivesaria que pertenciam aos conventos portugueses e que para lá foram vendidos*ao desbarato ou roubados, mas onde se indica sempre a origem, tem ainda muita riqueza que pode mostrar." .

Ê necessário também que haja uma entidade que proceda ao arrolamento das •cousas artísticas do país, porque até hoje •esse arrolamento tem sido feito à Ia dia-ble,t de uma maneira muito superficial.

E necessário também'que se façam catálogos dos objectos que temos nos nossos museus e das riquezas artísticas que estão em posse de particulares, porque segundo a lei vigente não podem ser vendidos para o estrangeiro, mas é necessário saber-se onde estão em Portugal.

Apoiados.

Outro capítulo respeita aos monumen-tos^e palácios nacionais.

É muito interessante porque monumentos nacionais estão espalhados por todo o país, mas a maior parte deles, infeliz-' • mente, num estado de abandono completo.

Temos riquezas artísticas espalhadas por toda a parte, desde-Bragança, onde há uma antiga Câmara Municipal, que é um monumento histórico de grande valor; mas de que ninguém faz caso, até o Algarve. Temos também a Só da cidade de Miranda do Douro, que é um monumento grandioso que está quási ao abandono: Muitos outros podia citar, mas não quero abusar da benevolência do Senado.

Não. há quem dirija,, ó um desprezo completo pela arte, o que é lamentável..

O Sr. J. Abecassis, administrador geral dos edifícios e monumentos nacionais, ó o único engenheiro que eu tenho visto interessar-se um pouco pelos monumenr tos nacionais, mas ele só não pode fazer' •todo o serviço, precisava dê arquitectosí

Os engenheiros para que servem ó para estudar a resistência dos materiais, a espessura das paredes, etc.; a parte artística cabe ao arquitecto.

Mas nós não fazemos isso; entregamos-ao engenheiro a construção do edifício e não nos importamos com a parte artísti-" ca, ou entregamos a parte que compete ao engenheiro, ao arquitecto.

Ê exactamente por estar tudo fora do seu lugar que tudo corre mal.

Temos espalhados pelo país muitos monumentos importantes, desde os castros até as igrejas, pelourinhos, castelos e mil outras cousas, mas compíetamente ao abandono; é necessário que haja quem olhe por esse assunto e tenha os meios necessários para proceder a reparações e à sua conservação.

A comissão do monumentos vai ver (jual^uer edifício e diz:—Isto há-de ser considerado monumento nacional.— É depois publicado um decreto, esse edifício é considerado monumento nacional e não-se faz mais nada.

Passa o tempo e o edifício arruína-se por estar desprezado, e a comissão de monumentos, não tendo dinheiro nem forças para obstar à ruína do que é classificado como monumento nacional, assiste a esta vergonha e muitas vezes ó incre-pada de nada fazer.

É necessário que essas entidades dis--ponham de meios para tratar disso, .pelo que as verbas destinadas a monumentos nacionais devem passar para o Ministério da Instrução e despendidas por indicação, dos competentes.

Nós temos também palácios nacionais^ de importância. Um deles, que tem um cunho artístico muito especial, é o palácio de Queluz, que foi mandado fazer par D. João Y para arremedar o palácio de Ver-sailles. Há ali obras artísticas que são um primor, mas tudo isso está a cair.

O palácio da vila de Sintra é uma beleza arquitectónica que, felizmente, teve á restaurá-lo um arquitecto que já morreu, o Sr..Kosendo Carvalheira, um ar-' tista de génio que teve a habilidade também de transformar a Sé da G-uarda quê estava estragada com remendos até insultuosos para a arte.