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Diário dai Sesêòes do Senado

A escola só poderá funcionar e desenvolver-se em edifício que reúna as necessárias condições. Os ilustres Deputados pelo Porto. Srs. José Domingues dos Santos, Albino Pinto da Fonseca e Américo da Silva Castro, sentindo as enormes vantagens e a justiça que se fará dotando a população dessa laboriosa cidade com uma excelente escola industrial, quiseram preencher esta lacuna, apresentando à apreciação da Câmara o seu projecto de lei. Bem fizeram. Não haveria o direito de realizar uma expropriação por utilidade pública e o Estado desprestigiar-se-ia se o fizesse e não desse imediato emprego a essa propriedade.

A questão não é vista exclusivamente sob o ponto de vista do ensino industrial, o que aliás seria legítimo, mas poderia parecer demasiadamente exclusivista. A despesa de 600 contos, que o projecto de lei indica, é uma despesa largamente reprodutiva. A construção das novas instalações da Escola Industrial Infante D. Henrique representa uma medida económica de notável alcance.

A situação d'apres guerre ainda mais impõe o ensino industrial. Construir uma boa instalação é atrair os rapazes novos, desviando-os dos cursos dos liceus, que só poucos deverão seguir. É uma obra educativa que se realiza, evitando que novas gerações se formem — ou deformem—por um ensino livresco, acabrunhador, sem vida. O ensino oficinal é a antítese desse ensino mnemónico, e, quando bem orientado, influenciará poderosamente na vida económica do País, pela valorização criteriosa dos seus produtos mais ricos.

Temos riquezas desaproveitadas no continente e nas nossas extensas colónias. Quedas de água, um solo agrícola exuberante, um sub-solo ainda mal conhoci-do; necessitamos duma marinha mercante que afirme a nossa magnífica vitalidade e sulque o Atlântico, que é o 3osso mar, devendo realizar em escolas, profissionais a propaganda da nossa África e das nossas colónias do Extremo Oriente. Nada disto temos realizado com persistência e deixamo-nos absorver por um ensino de tendências universitárias c ue só uma minoria deveria versar na indispen-sabilidade dos estudos especulativos. A Grande Guerra, de tam largos reflexos

na vida social, salientou bem a orientação errada que temos seguido.

A Escola já tem o seu projecto elaborado com proficiêacia, atendendo aos requisitos duma instalação moderna, sem arrebiques de arquitectura, mas higiénica, educativa, salutar e produtiva. No vasto terreno, adquirido ao abrigo da lei n.° 1:054, ficarão um pavilhão principal e onze pavilhões destinados" a aulas, desenho geral, desenho artístico e de modelação, desenho mecânico, desenho arquitectónico, lavores femininos, oficinas gráficas, carpintaria civil, de moldes e de marcenaria, serralharia e balneário e cantinas. Ainda ficará espaço para jardins e campos de desporto. Todos os detalhes de higiene, distribuição de luz e decoração, «criando uma intensa atmosfera estética», são rigorosamente previstos.

Já neste momento o ilustre director n^o esquece a acção educativa dos desportos e do canto coral, que são cultivados, e nas novas instalações mais largo desenvolvimento poderão ter.

As novas instalações atrairão mais alunos, desviando os nossos rapazes e as nossas raparigas para a cultura de profissões, que têm sido exercidas por práticos, adoptando processos rotineiros, e, por consequência, de deminuto rendimento.

Uma propaganda inteligente e activa, como a faria um' estabelecimento particular, conseguirá aumentar a população escolar.

O aspecto financeiro deste importante assunto não nos compete analisar.

Os ilustres colegas da comissão de finanças deverão pronunciar-se, mas seja--nos permitido salientar a possibilidade de obter verbas, que permitam tirar um juro proveitoso do capital de 600 contos, fixado no projecto de lei.