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Sessão de l de Agosto de 1924

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Pois apesar desse preço excessivo que ó atribuído ao trigo, -provarei nessa interpelação, com números, que o pão se podia vender pelo mesmo preço que está e até talvez por um preço um pouco inferior.

A taxa que a Moagem tem dá um lucro, como tem tido ultimamente, que se for convertido em ouro, que será muito superior ao que recebeu antes de 1914.

Provarei a S. Ex.a na minha interpelação que o que digo é a verdade.

Anuncio essa interpelação com a devida antecedência, para S. Ex.a sé informar devidamente e estar por consequência perfeitamente habilitado a responder-me.

Tenho a certeza de que havemos de chegar a uma conclusão benéfica para o povo, mostrando-se assim que a Repúbli-ca não é apenas de meia dúzia de pessoas, mas que foi feita para todos.

Tenho dito.

O orador não reviu,

O Sr. Ministro da Agricultura (Torres Garcia): — S. Ex.a afirmou em primeiro lugar que.encontrou numa feira livre géneros vendidos por preço superior aos do ^mercado da-Praça da Figueira.

É possível.

Tomo na devida consideração o que S. Ex.a disse, mas por minha parte devo afirmar com toda a franqueza que não tenho grandes esperanças na resolução, do Comissariado dos Abastecimentos, de pôr em contacto os produtores de géneros com o público.

Isso deve ser funcção do pequeno comerciante, e a sua acção devia fixar-se em dois ou três géneros de consumo mais intenso, como peixe, azeite e pão.

Esses seriam os elementos reguladores do preço da venda de certos géneros.

Estou convencido que se, por exemplo, se inundasse Lisboa de peixe, a carne aoundaria e, por consequência tornar-se-ia mais barata.

No emtanto, comunicarei a quem de direito o meu ponto de vista que parece ser concorde com o de S. Ex.a

A respeito do preço do trigo disse S. Ex.a que ele teria sido mal fixado, por excesso.

Ora eu devo dizer que para o cálculo do preço do trigo, foi mandada consulta

a 53 sindicatos de produção mais intensa, como por exemplo, Ribatejo, Beja, alguns distritos de Castelo Branco, ete., sendo recebidas 21 respostas.

Ainda foram ouvidos o Sindicato Agrícola do Centro, o Conselho Superior de Agricultura, etc.

Posso'' garantir que os preços apontados pelos sindicatos eram em geral muito superiores a 1$80.

Alguns iam até 2$50.

Resolvi .o caso da seguinte maneira. Primeiro vi qual era a média arimética, e isso deu-me o valor correspondente a 1$80 e qualquer cousa. Depois abandonei esse critério por outro que me pareceu mais de aceitar: não actualizar o preço do trigo, e para isso fui à tabela de 99, o que dava porém um valor incomportável para o preço do pão e mesmo tirar aqueles defeitos que S. Ex.a apontou, pagar um produto sem que o produtor tivesse actualizado todas as suas despesas.

Fui buscar o número representativo da carestia da vida, que o Ministério do Trabalho me indicou como sendo nesta altura, de 25, devido à depreciação da moeda o preço dalguns géneros, multipliquei-o pelo valor inscrito na tabela de Elvino de Brito que protegeu quási durante meio século a lavoura nacional, e deu-me sensivelmente os 1$80, o que me levou a publicar o número 1$80 por quilograma.

Também tive em consideração o preço por que tinha ficado o último carregamento de trigo exótico desembarcado em Lis^ boa, que ficou exactamente por 1(£>80. ""

Entendi que para protegermos efectivamente a lavoura nacional nós devíamos pagar-o trigo nacional por preço superior ao trigo exótico.

O Sr. Costa Júnior: — Mas os Sindicatos não querem assim.

O Orador: — Mas com ornou raciocínio desejo pelo menos ser lógico.

De maneira que, fixando o preço de ls$80 no centro de produção evidentemente que o pago por preço superior àquele que teve o trigo exótico na sua origem, porque chega cá sempre sobrecarregado com vários ónus.