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Diário dai\ Sessões do Senado

O Sr. Augusto de Vasconcelos (sobre o. modo de votar): — Sr. Presidente: fiz há dias um requerimento para que esta proposta de lei não entrasse em discussão sem estar presente o Sr. Ministro dos Ne-gócios Estrangeiros, que nos informaria da conveniência ou inconveniência que há de neste momento se ir fazer uma concessão a uma companhia alemã.

Pela minha parte, julgo inoportuna esta concessão sem se terem liquidado os casos pendentes das reparações e outros.

Mas, conquanto mantenha esta opinião, respeito, é claro, qualquer outra em contrário.

Julgo em todo o caso essencial que o Governo se pronuncie sobre este assunto.

O orador não reviu.

O Sr. Machado de Serpa : — Sr» Presi-. dente;: eu devo uma explicação ao Sr. Augusto de Vasconcelos.

Não me esqueço, nem me poderia esquecer que S. Ex.a requereu no outro dia que esta proposta só fosse discutida quando estivesse presenteio Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros, e não estando presente S. Ex.a, nem o Sr. Ministro, seria uma incorrecção da minha parte requerer que entrasse em discussão esta proposta.

Pedi ao Sr. Presidente dox Senado que diligenciasse a comparência do Sr. Ministro dos Estrangeiros nesta Câmara.

Mas como quer que estivesse presente o Sr. Ministro do Comércio, por cuja pasta especialmente corre o contrato feito entre a Administração dos Correios e Telégrafos e a companhia alemã, ocorreu-me pregnníar se, estando presente o Sr. Ministro do Comércio, poderia continuar a discussão.

Dada esta explicação a S. Ex.a, sinto bastante que S. Ex.a, com a autoridade que tem, com a função política que exerce nesta Câmara, não explicasse a razão por que julga inoportuna a discussão da proposta.

Limita-se a dizer: entendo que não é b momento asado para a proposta entrar em discussão.

E muito autorizada a sua opinião mas não o' explicam as razões por que julga, neste momento, inoportuna a discpssãe da proposta.

O Sr. Augusto de Vasconcelos (em aparte):—Não tenho dúvida nenhuma em .di-

zer as razões que .me levam a ter essa opinião.

Pois então está-se discutindo em Londres e numa comissão em Lisboa a questão das reparações, e quando sabemos que o Governo Alemão nos está negando cousas que nos deve, vamos fazer concessões a companhias alemãs!

Não faz sentido.

Esta concessão da amarração dum cabo é um alto favor; é um penhor que nós temos.

O Orador: — Continuando, escusado ó dizer que'não estou vencido e, salvo o devido respeito, muito menos convencido.

E, agora, Sr. Presidente, creio que não ó deslocada a pregimta: £0 que é que tem a comissão de reparações com a concessão dum cabo submarino?

Não tom na.da.

Tem tanto como teve o contrato feito pelo Governo com outra companhia para amarração de outro cabo.

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«rO que ó que tem o projecto com essa comissão?

Nós não estamos em pé de guerra com a Alemanha; nós estamos já em negociações com ela, e tanto que já temos um modus vivendi com essa Nação, ao passo que os outros aliados ainda o não fizeram.

O Sr. Augusto de Vasconcelos (interrompendo):— Estamos realmente em negociações com a Alemanha e, exactamente por isso, eu não faria concessões a esta Nação senão mediante o pagamento dessas concessões.

Muitos apoiados.

O Orador: — Quem ouvir as palavras autorizadas de S. Ex.a há-de supor que o Governo fez uma concessão gratuita à Alemanha,- mas não fez tal; dá à Alemanha mas recebe da Alemanha.

O Sr. Augusto de Vasconcelos (interrompendo) : — Mas, apesar disso tudo, ainda é um grande favor que lhe-prestamos.