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Sessão de Í de Agoêio de 1924

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rações para concluir que modificações importantes hão-de sobrevir na viação acelerada a sul do Tejo; as próprias peças do processo o deixam ver com suficiente clareza.

«No requerimento dos concessionários, dizem eles: «dar facilidade aos nossos portos para que as mercadorias descarreguem e carreguem nas mais económicas condições possíveis e garantir o material circulante para que este transporte seja fácil ..e módico, entre os portos portugueses e as diversas regiões dentro da zona geográfica correspondente a cada porto, tal é o problema que nos propomos resolver.

Ora que a abundância de material circulante importa facilidades de transporte não há a menor dúvida; mas a sua modicidade só se obtém pela aplicação de baixas tarifas ou pelo encurtamento do percurso, quando não pelos dois meios combinados.

Não ficam porém por ,aqui as afirmações dos requerentes ; mais adiante dizem eles, referindo-se às mercadorias em trânsito para o país vizinho ou dali procedentes: «de modo que simplificados e barateados os processos de carga e descarga, alteradas as linhas de penetração onde seja conveniente...».

Como se vê, pensa-se não somente em encurtar trajectos no interior do nosso país; pensa-se em possíveis alteraçães nas linhas de penetração, num intuito muito provável de os encurtar igualmente até a nossa fronteira. .

Se alguma dúvida houvesse ao fazer estas deduções, os seguintes trechos da memória justificativa dos trabalhos a realizar desfariam por completo essas dúvidas.

Ei-los: «A zona marítima do porto precisa ser ligada à rede ferroviária do país. Nem de outra forma se compreenderia a sua função económica. O ramal de Aldeia Galega está naturalmente indicado para desde já assegurar essa ligação que, mais tarde, precisará ser ampliada com novas ligações em harmonia com os progressos que o porto vá tendo, e com as exigências que se forem evidenciando» ; e «a região transtaganá de aquém e de além fronteiras é um vasto território, capaz de um grande desenvolvimento comercial, industrial e agrícola, mas não dispõe nem

de vias de comunicação acelerada suficientes, nem de um porto capazmente equipado que sirva os seus interesses».

Destes dizeres ressalta claramente a previsão da futura construção de novas linhas tanto no nosso país, como no país vizinho, o que justifica as considerações apesentadas no n.° 2.°».

i Por aqui se vê que o empreendimento é bem mais vasto do que parece pelo decreto que aprova o tal projecto!

Ocupando-se seguidamente da influência que a construção e exploração de um porto no Moníijo pode exercer na defesa do país, o parecer mostra as vantagens do estabelecimento, na margem esquerda do Tejo, de facilidades para o rápido embarque e desembarque de pessoal, animais e material pesado, sendo as oficinas, depósitos e outras instalações do pôr-to outros tantos elementos de que em tempo de guerra nos deveremos poder servir, para constituir uma base secundária para as tropas operando ao sul do Tejo, partindo da hipótese que em tal caso o porto ,deve incondicionalmente ser utilizável para as operações militares, e conclui:

«Encarada porém, a questão sob este aspecto da utilização de material e de instalações, convém deixar consignado «que não é indiferente que a empresa á constituir seja ou não genuinamente portuguesa», tanto mais que o material ferroviário é destinado a circular em tempo de paz, talvez mais em território do inimigo provável do que no nosso.

«Aliás o Conselho de Administração do Porto de Lisboa fui levado no seu parecer a formular uma condição expressa neste sentido, «abstendo-nos nós de apreciar as causas que levariam o consultor do Ministério do Comércio a considerar como um desideratum, infelizmente irrealizável, que as obras projectadas fossem executadas e exploradas por conta ido Estado».