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Diário das Sessões ao Senado

se explica que em Portugal, homens que deram o seu sangue pela Pátria, não para defender um bocado de território, rnas unicamente para atender aos caprichos desvairados de quem —seja quem for — os mandou para a guerra sem preparação conveniente, andem mostrando a sua miséria, as suas dificuldades, som o Estado tratar de lhes valer, de olhar com interesse pela sua alimentação, das mulheres e dos filhos sofrendo de males e misérias por culpas alheias.

Isto não faz sentido, e por isso digo, em rnen nome pessoal,

Conira o aparecimento à última hora desta proposta de lei, lavro o mea protesto, afirmando mais uma vez não poder ter confiança alguma num Governo, não se mostrando melhor, mas apenas uma continuação, um sucedfmeo do Governo anterior, mau entre os maus, péssimo entre os péssimos!

Não querendo gastar mais tempo coni inutilidades, findo aqui as minhas considerações.

O Sr. José Pontes: — Sr. Presidente: esta proposta do lei veio a esta Câmara numa precipitação quási criminosa.

No emíanto, devo dizer que, analisando parte das autorizações que me foi dado conhecer há pouco, por informação de um oficiai do exército, eu sei que, baseado num trabalho de uma comissão, se vai dar mais dinheiro aos mutilados de guerra.

O trabalho dessa comissão levou de dois a quatro meses a realizar. Veio ao Parlamento e ninguém se preocupou com ele, ninguém atendeu à situação dos mutilados da guerra, e é agora neste final de sessão que querem resolver essa quês • tão.

Possivelmente vão-lhes dar dinheiro mal distribuído..

Possivelmente nós encontraremos amanhã alguns que não tinham direito a tanto, e outros que deviam receber muito mais.

Se há muito devíamos ter olhado para aqueles que se sacrificaram pela Pátria,

que são aqueles que mais direito têm a não serem esquecidos.

É pena que nesta proposta de lei se introduzissem quatro linhas mal alinhavadas, indecisas o dúbias, deixando ao Governo poder resolver o problema.

Lamentável circunstância!

E tudo isto por apenas se ter tratado de casos de compadrio, casos de politiqui-ce indígena, esquecendo aquilo que é o maior património da Nação Portuguesa— o sentimento.

i Já não há vontades na terra de Portu-gal!

j Lamentável situação a nossa!

i È atira-se para aqui um problema que levaria quatro ou cinco meses a discutir, para ser apreciado em quatro ou CÍGCO horas!

Lamentável situação!

Apoiados.

O orador não reviu.

O Sr. Ribeiro de Melo: —Está aqui está cá ao meu lado!

O Sr. Açagão e Brito: — Sr. Presidente: eu não vou fazer obstrucionisrno; vou falar claro.

Eu devo, por dignidade própria e em atenção à minha consciência de parlamentar, explicar o meu voto.

V. Ex.a, Sr. Presidente, e o Senado sabem, que nós estamos laqui apreciando uma proposta de lei, da qual nem a sua leitura se fez, porque até essa mesma foi dispensada.

De resto, a leitura dessa proposta de lei dificilmente se poderia fazer, porque a maioria dos seus artigos e das suas emendas são enxertos variadíssirnos e está escrita numa tal caligrafia que só um pa-leógrafo seria capaz de decifrar.

Eu vejo nesta proposta de lei assuntos que não têm ligação uns com os outros, vejo nela a abdicação pura o simples do Poder Legislativo.

Assim, parece que o Parlamento não tem necessidade de existir, e mais lógico é que ele não exista do que venha para aqui votar leis sem ter conhecimento das suas disposições, sem saber o que vota.