O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 19. e 20 de Agosto de 1924

91

re"s possam desempenhar os seus lugares dignamente. Eles têm de comprar livros, revistas, jornais, têm de comparecer om muitos pontos, às vezes em toilette que não permite andar em carro eléctrico.

A situação que atravessamos é absolutamente anormal o exige sacrifícios.

Não pode o Tesouro Público pagar devidamente aos fuucionários do Estado.

E como eu, -Sr. Presidente, parto.do princípio, de que os sacrifícios devem começar por cima, e só assim se podem impor, é que eu entendo que os Parlamentares não devem ser superiores, relativamente, é claro, ao que ó vedado também aos funcionários públicos.

Ora, Sr. Presidente, como os factos não permitem que o parlamentar viva da forma por que devia viver, e porque a situação é anormal, a minha opinião é que o aumento do subsídio aos parlamentares deve estar ern harmonia com o aumento de subsídio ao funcionalismo público.

O orador não reviu.

O Sr. D. Tomás de Vilhena: —Sr. Presidente: estou há algum tempo por esta casa, tenho muita estima pelos meus companheiros e tenho motivos de me alegrar com a sua boa companhia.

Mas as minhas considerações acerca do subsídio estão ha muito conhecidas.

Dentro da minha orientação sou absolutamente* contrário ao subsidio.

Esta função, legislar, é tam levantada, que entendo não haver nada que a paguéo Não há situação mais brilhante que a dos homens que decretam leis a todo o seu País, os homens que têm o alto poder de analisar, criticar, e, mais alguma cousa, julgar os homens que governam o País.

Esta dignidade é tam alta, tam levantada, que não pode ser paga senão pelo reconhecimento do seu valor.

Dar um subsídio para pagar essa missão é amesquinhar a função parlamentar, é dificultar a patriótica acção pessoal de cada um.

O regime constitucional diz que se estabelece subsídio aos parlamentares mas o que é verdade ó que, sempre que se apresentava o Tesouro Público em circunstâncias precárias, esse subsidio era retirado, e eu, Sr. Presidente, que fui 10 anos Deputado, iniciei as minhas funções numa dessas épocas, em que até nas comissões

de que éramos encarregados quando tínhamos de ir ao palácio pagávamos a carruagem à nossa custa.

Como monárquico, não aceito o subsídio, mas como republicano^ aceitá-lo-ia. O que não concordo é em bulir nele numa época de crise tão grave e angustiosa como esta que atravessamos.

No momento em que não podemos dar aos empregados públicos, que estão na miséria, o que lhes é necessário para a manutenção da sua vida, não fixando sequer o mínimo de ordenado em f)00$, que hoje mal chegam para pão, no momento em que para regatear vencimentos estamos a 'extremar os sargentos deste ou daquele corpo, em vez de os igualar, vir aqui dizer que é preciso dar mais subsídio aos' parlamentares é uma cousa que repugna.

Aqui tem V. Ex.a e a Camará a minha opinião.

O Sr. Serra e Moura:—^V. Ex.a dá-mo licença?

Há funcionários que podem viver aqui e optar pelos vencimentos dos seus cargos que lhes dão o suficiente, mas há outros, os que vêm do ultramar, que não têm na metrópole os mesmos vencimentos de lá. Estes chegam quási a morrer aqui de miséria.

;.E; justo estabelecer para estes funcionários a doutrina de V. Ex,aV

O sr. Tomás d,e Vilhena: — O logar de parlamentar é perfeitamente facultativo, isto não é recrutamento do exército, quem não vem cá não tem de pagar taxa militar ao Parlamento.

Estou aqui porque quero estar. • Quem não se encontra em condições de exercer esse mandato não aceita o encargo, lá por isso a Nação não periga.

Há muitas pessoas que não podeni vir para aqui porque não têm qualidades para isso, há pessoas que têm uma grande inteligência mas que são doentes e têm dificuldade em falar.

Isto é para quem quer e para quem pode.

Compreendo o subsídio duma Câmara, mas o que não posso compreender é o subsídio numa situação tão grave como a que estamos atravessando.