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Diário das Sessões do Senado

xima de Tayllerand: a palavra foi dada ao homem para encobrir o seu pensamento. ^Emfim, esta máxima quo é absolutamente de revoltar na nossa moral privada, é indispensável nas relações da diplomacia, que é a arte serena de encobrir a verdade— e assim se consegue tudo, quando se não consegue nada.

Evidentemente que não.

O Sr. Norton de Matos desmereceu do conceito c.o País, e o Sr. Ministro dos Estrangeiros fará muito bem mandando o vir de Londres, não em passeio, como sucede com o Sr. Veiga Simões, inas fazendo-o regressar ao Pais definitivamente.

Não entendo nada disto, Sr. Presidente, porque já me habituei a não querer entender.

Risos.

Diz o latim:—Non me tangere, mas o brio e a dignidade nacional impõem tocar no ídolo.

Há muitos ídolos, é certo, no país, mas tenho visto, infelizmente, que todos eles têm pés cê barro.

Pausa.

Sr. Presidente: cansei muito a atenção da Câmara e do Sr. Ministro dos Estrangeiros, demais a mais tendo-se-oe permitido o uso da palavra depois de, hora regimental.

Tinha mais assuntos a tratar, mas fico com a certeza de que o Sr. Viíorino Go-dinho não se irá embora da cadeira de Ministro, que presentemente ocupa, tam depressa como muitas pessoas qnsrem dei-.xar ver, e então espero que S. Ex.a terá a bondade de novamente me esciitar.

Os pontos principais, como referi, são dois. Um deles refere-se ao Sr. Norton de Matos e outro à delimitação do sul de Angola. ?j se possível fosse (compreendo todas as reservas neste assunto), dizer--nos alguma cousa a respeito da situação de Angola e Moçambique perante o estrangeiro.

Também desejava que algumas explicações me fossem dadas sobre se está ou não suspenso o Sr. Veiga Simões. u

Se as cousas não correram como deviam correr, têm de pedir-se responsabi-lidades, aquelas responsabilidades que amarram as pessoas ao pelourinho.

Não posso acreditar que um homem digno, m,antendo-se nas cadeiras do Poder, permita situações como essas que, se diz, se deram, em Berlim.

Não posso compreender também que se mantenha um homem num trono e que esse homem, em lugar de descer dele pela escada, seja arremessado ao chão.

Não se compreende que esta- situação se, mantenha.

Espero qup o Sr. Minisiro dos Negócios Estrangeiros dará à Câmara e ao País os esclarecimentos quo o caso re-quere, tanto acerca dum ponto como do outro.

Felicitar-me hei se a resposta de S. Ex.a mo convencer e me deixar sossegado, e faço votos para que na primeira ocasião S. Ex.a tenha a boudade de me ouvir sobre outros pontos que considero deveras importantes.

O orador não reviu.

O Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros (Vitorino Godinho):— Sr. Presidente: vou responder ao Sr. Querubim Guimarães e desde já peno a S. Ex.a desculpa de lhe responder em linguagem telegráfica, permita-se-me o termo, afirmando--Ihe ao mesmo tempo que não empregarei palavras que encubram o meu pensamento.

Falarei claramente como é meu costume.

Sr. Presidente: chegaram ao meu conhecimento certos factos e. no cumprimento do meu dever, entendi que devia mandar proceder a uma sindicância aos actos do Sr. Veiga Simões.

Como já ontem tive ensejo de dizer na Câmara dos Deputados, essa sindicância está correndo. Não conheço nem preciso conhecer os seus pormenores. Nem me compete conhecê-los.

Essa sindicância está correndo normalmente e estou convencido, estou certo de que, seja quem for o Ministro que se sente nesta cadeira, facultará ao Sr. Veiga Simões todos os elementos necessários para produzir a sua defesa.

Entretanto, julguei necessário e conveniente que o Sr. Veiga Simões não continuasse na legação, de Berlim.